Guilherme Landim lembrou que a transposição foi idealizada originalmente por Dom Pedro, ainda no período do Império. Foto: ALECE

Após o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, anunciar o início do bombeamento de eixo da transposição de parte das águas do rio São Francisco até Jati/CE para 30 de agosto deste ano, o deputado estadual Guilherme Landim (PDT), em pronunciamento na manhã, desta quinta-feira (08), no plenário da Assembleia Legislativa disse que as águas do ‘Velho Chico” só chegarão ao Ceará em 2020.

O parlamentar utilizou-se dos dois últimos tempos do segundo expediente  para tratar do assunto. Na fala, explicou as datas de enchimento das barragens, afirmando que as águas do rio só chegam ao Ceará em 2020 – como foi previsto no relatório da Comissão Especial de Acompanhamento das Obras da Transposição do Rio São Francisco, da qual é presidente.

A partir da fala do Ministro, Guilherme apresentou o caminho das águas do reservatório de Negreiros, na cidade de Salgueiro, em Pernambuco, até o primeiro reservatório da água no Ceará, em Jati. Sendo iniciado em 30 de agosto o bombeamento para o primeiro dique, apenas em 20 de março de 2020 é que a água começa a ser armazenada na barragem cearense e só em 11 de abril é que alcança nível para ser liberada para o Cinturão das Águas do Ceará (CAC).

“Sem o Cinturão das Águas, de nada adiantará”

Landim lembrou que mesmo com as águas do rio chegando à cidade de Jati, caso não estejam terminados pelo menos os dois trechos emergenciais do Cinturão das Águas do Ceará, entre Jati e Missão Velha, apenas cinco municípios receberão as águas: Penaforte, Jati, Brejo Santo, Mauriti e Barro.

“Se nós não tivermos pronto o Cinturão das Águas, pelo menos os dois trechos emergenciais, não adianta de nada a água chegar à barragem de Jati. Queremos sensibilizar o Governo Federal de que a disponibilização dos recursos é urgente. Faltam apenas 9% para finalizá-los, se esse dinheiro não chegar agora, com inverno do ano que vem há grandes riscos para a qualidade da obra”, defendeu Landim, explicando que o que falta na obra é justamente o acabamento que irá protegê-la de períodos invernosos e garantir que dure muitos e muitos anos.

Apenas com o CAC que as águas do São Francisco chegarão ao Açude Castanhão e assim poderão abastecer a região Centro-Sul, a região Jaguaribana, Fortaleza e sua Região Metropolitana, por isso a importância de se garantir logo os recursos e datas para a liberação dessas verbas.

Risco de privatização

O deputado mostrou-se ainda preocupado com uma sinalização de privatização do Governo Federal para a geração de energia do projeto e da distribuição da água. “Não podemos estar fora dessa discussão, essa é uma obra social. Quando chega uma obra como essa, para pagar uma dívida eterna que o Brasil tem com o Nordeste, nós não podemos deixar na mão de uma empresa privada para ganhar dinheiro com água”, destacou.

Frente interestadual

Guilherme anunciou ainda que na segunda-feira (12), estará em Recife, com representantes das Assembleias de Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte para a primeira reunião da Frente Parlamentar Interestadual em Defesa das Obras da Transposição – que foi articulada pelo cearense. “Juntas, as Assembleia dos quatro Estados vão ficar mais fortalecidas para buscar respostas. Estamos pedindo ajuda e nos dispondo a estar junto do Governo Federal para ver isso acontecer. O que nós queremos é ter a água chegando nas torneiras dos sertanejos que há tanto esperam por isso”, concluiu ao blog.

Guilherme Landim fala da ideia do Governo Bolsonaro de privatizar a obra e explica quanto falta para sua conclusão: