Para o líder da oposição, “o prefeito mentiu, caluniou e difamou”. Foto: CMFor

Um tema que norteou boa parte dos trabalhos na Câmara Municipal de Fortaleza, na sessão ordinária desta terça-feira (05), diz respeito ao relatório da Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) sobre o despejo de esgoto clandestino na orla fortalezense. De acordo com vereadores de oposição, o resultado do documento, que chegou a ser compartilhado pelo prefeito Sarto nas redes sociais, é “fraudulento”, visto que não mostra aquilo que foi dito pelo chefe do Poder Executivo.

Os parlamentares chegaram a insinuar que a gestão estaria querendo proteger os empresários donos de hotéis na orla fortalezense. De acordo com o vereador Gabriel Aguiar (PSOL), quando a situação foi verificada, “com o Oceano Atlântico encharcado de esgoto”, “a Prefeitura preferiu seguir o caminho da politicagem,o caminho de não tratar da política pública, mas da briga em Internet”.

De acordo com ele, a Prefeitura “fez isso de forma mentirosa e caluniosa e difamatória. O prefeito mentiu, caluniou e difamou”. Ele se refere ao parecer técnico emitido pela Seuma, que apontava 26 conexões ilegais supostamente feitas pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará, a Cagece. “No dia seguinte, a Cagece vai a campo, ponto por ponto, tomando tempo e dinheiro, não só para identificar, mas ver a origem. Das 22 instalações clandestinas apontadas pela Seuma como sendo da CAgece, nenhuma procede”, disse.

“Estamos falando de um relatório fraudulento e tornado popular na mídia. Eu lamento porque esse relatório saiu da Prefeitura para o tweet do prefeito e não houve nenhum protocolo na Cagece sobre esse relatório. A agência de fiscalização não autuou a Cagece sobre esse parecer. Não houve qualquer parecer formal, a não ser da Prefeitura para a imprensa. Esse relatório é uma vergonha para a cidade. E para cada técnico da Seuma, que são sérios, e estão passando vergonha com esse relatório”, disparou.

Ele explicou, ainda, que o relatório apresentado pela Cagece segue para ser anexado à investigação feita pelo Ministério Público, destacando que “haverá consequências institucionais do que estamos observando. Se for comprovado que o relatório da Seuma é fraudulento, estamos falando de uma ilegalidade, assim como o que foi falado no Twitter”.

Adriana Nossa Cara (PSOL) chamou o parecer técnico de “vergonhoso”, destacando que as praias seguem poluídas. “A Prefeitura está querendo proteger a quem? Quem está no pano de fundo dessa história toda? Estou em dúvida se o prefeito Sarto está governando para o povo de Fortaleza ou para os hotéis da Beira-mar”, disse. Danilo Lopes (Avante) apontou existiu vários problemas ocasionados por alguma questão de gestão da Seuma.

Outros vereadores criticaram o relatório apresentado pela Prefeitura. Júlio Brizzi (PDT) lembrou que a Seuma não tem participado de debates sobre o tema em comissão provisória na Casa. Já Dr. Vicente chamou o relatório da Prefeitura de “falso”.

Didi Mangueira (PDT) ressaltou que o esgoto clandestino está localizado na praia há cerca de 20 anos, antes da gestão Sarto e criticou falas que apontam o prefeito Sarto “a serviço dos donos de hotéis da Beira-Mar”. Iraguassu Filho (PDT), por sua vez, disse acreditar no laudo da Seuma. “Acusar o lado de enganoso ou de fraudulento é uma crítica muito dura. Vamos trazer dados técnicos, inclusive, para mostrar a realidade para o povo”.

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