O vereador Gabriel Aguiar lembrou que seu pai foi preso durante a ditadura e elogiou a iniciativa do governador Elmano. Foto: CMFor

Os vereadores de Fortaleza também estão divididos sobre a mudança da finalidade do Mausoléu Castelo Branco, anunciada pelo governador Elmano de Freitas nesta semana. Enquanto que os parlamentares mais conservadores criticam o que dizem ser uma tentativa de “apagar a história”, os progressistas destacam que a medida é acertada e um exemplo de “correção” de um período histórico sombrio para o Ceará e o Brasil.

Julierme Sena (UB) disse não concordar com a medida, afirmando que a intenção do governador Elmano de Freitas seria apenas para “agradar a militância esquerdopata”. “O Marechal Humberto Castelo Branco entrou para a história do Ceará e do Brasil. Assumiu a nação brasileira em um momento conturbado da política. E agora, governador quer acabar com a história por pura questão ideológica e para agradar a militância”, disparou.

O parlamentar aproveitou para atacar a gestão de Elmano de Freitas à frente do Governo do Estado. Em sua avaliação, a população estaria achando o Governo atual “tímido, discreto, apático, sem brilho e sem luz”. “Muitos cearenses dizem que o governador Elmano de Freitas é um posto sem luz. O Palácio da Abolição não é sua casa, não é sua propriedade. Vossa excelência não tem esse poder de decisão”, atacou o parlamentar.

Jorge Pinheiro (PSDB) corroboru com o colega e disse que sua intenção era a de simplesmente “resguardar” a história. Em sua análise, Elmano de Freitas estaria agindo “como um ditador”. “Nesse aspecto é uma forma de dizer que ele tem como fazer e vai fazer. Ele quer homenagear o Dragão do Mar, uma justa homenagem. mas para isso precisa querer eliminar a história?”, indagou.

Ronivaldo Maia (sem partido), por outro lado, lembrou que o nome do complexo onde está situado o Mausoléu Castelo Branco é “Palácio da Abolição” e nada seria mais justo do que homenagear os abolicionistas. Ele também insinuou que aqueles que defendem a permanência da finalidade do mausoléu em homenagem ao primeiro presidente da ditadura militar também apoiariam o período de exceção no País.”Parem de ficar criando um debate onde não existe. Nós respeitamos a história mais do que muitos aqui”, disse.

Coragem

Filho de pai torturado durante a ditadura militar, Gabriel Aguiar (PSOL) disse que cresceu ouvindo “horrores” daquele período, visto que seu genitor passou um ano em cácere, sofrendo tortura e privação de liberdade tão somente por manifestar sua opinião. “Como primeiro presidente da ditadura, Castelo Branco não apenas apoiou como articulou, coordenou a ditadura militar no Brasil, que prendeu,torturou e desapareceu com algumas pessoas”, disse.

“É inaceitável que o prédio de maior relevância para representar o poder executivo ter um mausoléu que homenageia um ditador. Queria que essa Câmara inteira celebrasse, aplaudisse a coragem de, no lugar de representar um ditador, passar a representar os abolicionistas e os anistiados. Parabéns ao governador do Estado. Só está atrasada. Impressionante que alguém ache razoável um mausoléu no Palácio da Abolição representando um ditador. Não é apagar a história, é corrigir, retificar. Ditador não é pra ser homenageado”, concluiu Aguiar.