Dois episódios no Senado, na última semana do mês de abril, protagonizados pelos senadores Cid Gomes e Eduardo Girão, tisnam a imagem política do Ceará, principalmente por ter sido o Estado muito bem representado em outras oportunidades, naquela Casa do Congresso Nacional, tão importante que é considerada revisora. O Senado que já foi presidido por cearenses, merecia ter uma melhor representação deste Estado.

O primeiro episódio degradante patrocinado por um senador cearense, recentemente, foi quando da participação do presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, como convidado dos senadores. Ele foi agredido pelo senador Cid Gomes, que o entregou um boné de propaganda de um banco privado, acrescentando que aquele Executivo deveria colocar o boné na cabeça e deixar a vida pública, para voltar à iniciativa privada. Cid, como muitos brasileiros, divergem da política de juros estabelecidas pelo Banco Central.

Campos Neto estava no Senado como convidado. Os nossos convidados devem sempre ser tratados com urbanidade. Campos Neto não reagiu, mas uma boa parte da sociedade, incluindo alguns dos que discordam da política do banco, censuraram o comportamento do senador cearense, que poderia ter externado toda a sua indignação com lhaneza e sobretudo educação. Com certeza, senadores como Virgílio Távora, Paulo Sarasate, Carlos Jereissati, Mauro Benevides, Lúcio Alcântara e tantos outros cearenses não teriam imposto esse constrangimento aos cearenses.

Virgílio, Sarasate, Jereissati, pai e filho (Tasso Jereissati), Mauro, Lúcio, Beni Veras, Luiz Pontes, Patrícia Saboia (hoje conselheira do Tribunal de Contas do Estado), José Pimentel e Eunício Oliveira (um dos dois cearenses que presidiram o Senado. O outro foi Mauro Benevides), deixaram ao longo dos anos que permaneceram no Senado, a imagem do político cearense equilibrado, competente e ciosos de suas obrigações para com o nosso Ceará.

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, não ficou silente com a grosseria do senador Eduardo Girão, também no Senado, na última quinta-feira de abril, como ficou o presidente do Banco Central, horas antes, com o episódio infantil, porém tresloucado de Cid. O ministro não recebeu a réplica de um feto que Girão queria entregá-lo, e ainda deu uma lição de civilidade ao senador cearense, merecedora de aplausos de senadores e de uma boa parte da sociedade brasileira.

O representante popular para aparecer basta mostrar serviços. Os nordestinos e os cearenses, em particular, somos testemunhos do que fizeram Virgílio Távora e um punhado de outros cearenses, ao longo de seus mandatos e, em especial na Constituinte.  Em pleno período de exceção, Mauro Benevides consegue aprovar uma emenda constitucional para determinar que os prefeitos das capitais de todos os estados brasileiros fossem eleitos pelo voto direto. E tantos outros feitos poderiam ser citados de bons representantes cearenses no Congresso Nacional, sem a utilização de bravatas ou espetacularização.

Sobre a senadora suplente, Augusta Brito, que substitui Camilo Santana, falaremos em outro momento.