Deputado Sargento Reginauro, exibe cópia de documento extraído do Portal da Transparência. Foto: Print Edison Silva na TV

O deputado estadual Sargento Reginauro (UB), conseguiu aprovar, na Assembleia Legislativa cearense, na última quarta-feira (8), requerimento pedindo ao Governo do Estado que encaminhe para a Assembleia o relatório feito pela comissão de transição, coordenada por Eudoro Santana, pai do ex-governador Camilo Santana, o principal cabo eleitoral do então candidato Elmano de Freitas. O requerimento de Reginauro, mesmo podendo parecer uma coisa comum, encerra um ponto importante para os que queiram conhecer detalhes da administração estadual, pois o tal relatório, se feito com a responsabilidade atribuída aos integrantes daquele grupo da transição, por certo seria, ou será, uma radiografia, sem maquiagem, do que é hoje o Governo do Estado do Ceará.

A transmissão do cargo de governador do Ceará, no primeiro dia deste ano, ocorreu entre amigos, aliados e cúmplices das últimas administrações estaduais, diferentemente do que ocorreu em relação à Presidência da República. Lá, foi um adversário (Lula) quem recebeu o comando da administração nacional do ex-presidente (Jair Bolsonaro). A equipe de transição de Brasília, fez um minucioso relato da situação do País. Os adversários, ao contrário dos aliados que escondem os malfeitos, porventura existentes, gostam de expor o errado.  Por isso, se o deputado Sargento Reginauro receber o relatório solicitado, será tomado por imensa frustração. O que ele receber, se receber, repito, não atenderá a sua expectativa, pois o documento não dirá que as gestões de Camilo (sete anos) e de Izolda Cela (quase um ano) deixaram muito a desejar, por isso o Estado precisará contratar empréstimo para pagar suas próprias dívidas. E não se fale em queda de arrecadação. O erário teve superávit nos dois últimos anos, isto é arrecadou mais que o previsto.

Mas o Sargento Reginauro provocou uma outra discussão, na sua primeira semana de atuação como deputado, ao afirmar, da tribuna da Assembleia, que o Estado do Ceará está super endividado, ao ponto de estar pagando, mensalmente, R$ 2 milhões de juros e encargos da sua dívida, e que o empréstimo de R$ 900 milhões que o governador Elmano de Freitas quer contratar com o Banco do Brasil, para pagar parte de uma dívida vincenda com um banco internacional, desembolsará, ao final da transação, R$ 600 milhões reais de juros. Ou seja, o Estado tomará um empréstimo de R$ 900 milhões e vai pagar um total de R$ 1,5 bilhão. O Estado, precisa responder ao deputado Reginauro.

Reginauro, em  entrevista na sexta-feira na TV Otimista, exibiu documentos, segundo ele extraído do Portal da Transparência, e de estudos da sua assessoria, para comprovar as afirmações. Ele mostrou as contas do Estado, referente ao exercício anterior, de 2022, onde está registrado o montante de juros pagos pelo Governo cearense aos organismos que lhes financiaram. Reginauro, segundo afirmou, levantou esses dados após tomar conhecimento do pacote de projetos encaminhados pelo governador Elmano de Freitas à Assembleia, na segunda-feira (6), e que deverá ser aprovado na próxima terça (14), sem praticamente ser debatido. Pouquíssimos deputados de oposição e da base governista trataram das propostas do governador cearense que mudaaarão significativamente a estrutura da máquina estadual.

Mesmo que Elmano não tenha pedido regime de urgência para as votações dos seus oito projetos, incluindo a Reforma Administrativa, o empréstimo de R$ 900 milhões e o aumento do ICMS para energia e outros produtos em 2024, os integrantes da Mesa Diretora da Assembleia, querendo agradar ao governador e evitar o debate das proposições, está acelerando as votações e nesta sexta-feira (10) só não concluiu os trabalhos que deveriam ser das Comissões Técnicas por conta de um pedido de vistas do deputado Oscar Rodrigues. Como as matérias estão em regime de urgência o pedido de vistas é de apenas 24 horas, que termina na segunda-feira. Assim, na terça-feira o plenário já estará em condições de aprovar tudo, muito mais rápido do que o Governo imaginava. A maioria dos deputados votará a favor, sem saber o inteiro teor de cada um dos projetos.