Ciro Gomes, sua irmã Lia e Roberto Cláudio. Foto: Divulgação/Instagram.

Todas as atenções dos políticos cearenses estavam voltadas para o movimento em Sobral, no fim da tarde desta sexta-feira (30), quando da realização de uma concentração com as presenças do presidenciável Ciro Gomes e o candidato a governador do Ceará, Roberto Cláudio, ambos do PDT e dos candidatos a vice-governador Domingos Filho, e da deputada Érika Amorim, candidata ao Senado, na coligação do PDT com o PSD. E a razão da curiosidade era unicamente sobre a participação ou não dos irmãos de Ciro, o prefeito de Sobral, Ivo Gomes e o senador Cid Gomes. Estes não apareceram, mas estavam lá os outros irmãos Lia, candidata a deputada estadual e Lúcio Gomes, secretário de Infraestrutura do Governo Izolda Cela.

Cid Gomes estava e ficou em Fortaleza, Ivo estava em Sobral, mas ficou recluso. Deu expediente normal na Prefeitura e na Santa Casa de Misericórdia, agora sob intervenção por ele decretada. Os empregados da Prefeitura cumpriram o expediente normal, até o fim da tarde, hora do evento político, mas, embora não tenham sido orientados a ir ou não à concentração, a maioria preferiu não comparecer. Os liderados dos irmãos Ferreira Gomes, na terra-mãe deles também estão divididos. Os mais velhos, ligados ao patriarca da família, já falecido, José Euclides Ferreira Gomes, ex-prefeito da cidade, estão com Ciro, e os mais novos estão com Cid. O ambiente, disseram-me alguns observadores: foi constrangedor.

Na última quinta-feira (29), tratamos do rompimento político entre os irmãos, tomando por base uma matéria publicada naquele mesmo dia pelo jornal O Estado de S. Paulo, com o título “Ciro Gomes rompe até com o irmão e some do Ceará”, e enfatizamos, ao concluir que ” A separação dos irmãos é verdadeira e, sem dúvida, a situação eleitoral de Ciro, nesta que ele diz ser a sua última campanha presidencial, é em razão da separação que já está resultando em prejuízo para ambos”. Ciro nas três últimas campanhas como candidato a presidente da República, sempre foi o majoritário no Ceará. Ele teve mais votos que o Fernando Henrique Cardoso, quando este foi eleito no primeiro turno da disputa, venceu o, hoje, senador José Serra, ganhou do próprio Lula, e agora vai ficar em terceiro lugar, sendo derrotado, no seu principal colégio eleitoral, por Lula e até Bolsonaro.

Antes, em outro comentário, falei do constrangimento que seria para Ciro, participar de evento de campanha no Ceará, sem a presença de Cid no palanque. Eles só fizeram campanha separada no Ceará, em 2008, quando Patrícia, na época ainda assinando o sobrenome Gomes, por ser ex-mulher de Ciro (hoje, como conselheira do TCE o seu sobrenome é o mesmo de quando era solteira, Saboya), foi candidata a prefeita de Fortaleza, representando o PDT.  Cid Gomes era governador, no primeiro mandato, pouco tempo depois de ter feito a aliança com o PT da deputada federal Luizianne Lins, na época, eleita prefeita da Capital cearense. Cid votou e fez campanha para Luizianne,  e Ciro, idem, para a ex-mulher. Um filho de Patrícia e Ciro, chegou a peitar o tio, governador, pelo seu posicionamento contra a mãe, mas nem isso separou os irmãos.

Evidente que irão reconciliar-se, mas não terão a mesma força exibida ao longo de quase duas décadas. Perderam liderados e o trono da chefia de um expressivo grupo político. Ainda serão fortes, mas não tanto. O futuro governador do Ceará não precisará deles para ter a garantia da plena governabilidade.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva: