Desde que contratou o marqueteiro João Santana, Ciro tem intensificado críticas a Lula e Bolsonaro. Foto: Reprodução/YouTube.

O ex-presidente Lula está determinado e envidará esforços no sentido de tentar ganhar as eleições presidenciais deste ano, no primeiro turno, na votação do dia 2 de outubro. Ele conseguiu o apoio de Marina Silva (Rede Sustentabilidade), até bem pouco uma defensora da candidatura Ciro Gomes, tendo chegado a ser tratada como a provável candidata a vice do pedetista. O partido dela rachou, e a possibilidade de aliança com o PDT desapareceu.

Para o petista, o “pouquinho” necessário à sua vitória, no primeiro turno, está com o Ciro. Por isso a investida dos petistas no PDT, e nos eleitores propensos a votar no mais contundente crítico do ex-presidente.

Lula não tem respondido as acusações e denúncias feitas por Ciro contra ele. E pessoalmente disse ao pedetista, na presença de outros candidatos à sucessão presidencial e dos brasileiros que assistiam o debate promovido pela TV Bandeirantes, no mês passado, que iria procurá-lo para uma conversa, pois mesmo sendo por ele atacado o tem como uma pessoa do seu bem querer. Ciro, sarcasticamente, o respondeu dizendo que Lula continua sendo um “encantador de serpente”, para em seguida, no mesmo espaço, atacá-lo com a veemência das acusações feitas habitualmente. Não há espaço, realmente, para uma reconciliação entre eles, sobretudo ainda nas eleições deste ano.

Só a obstinação de ser eleito no primeiro turno deve motivar o ex-presidente em querer conversar com Ciro. Lula pode até contar com votos hoje propensos a serem de Ciro, mas não será por indicação deste que os eleitores o sufragarão. A quase totalidade dos eleitores de Ciro não está com ele por ideologia, mas pelos seus méritos, portanto são eleitores independentes, não teleguiados, que podem até ser conquistados por Lula, ou Bolsonaro. E tentar conquistá-los, republicanamente, não é crime, mas o dever do político na disputa por qualquer cargo eletivo. O eleitor precisa, de fato, ser convencido a escolher esse ou aquele candidato, cujas propostas se lhes apresentem como as melhores.

O comando nacional do PDT, registra o noticiário, está incomodado não só pelo assédio que sofrem alguns dos filiados do partido, quando ainda o seu candidato alimenta conquistar uma melhor posição na disputa presidencial, mas, também pelo fato de sentir-se desconfortável em recomendar voto em Lula, no segundo turno da disputa, mesmo com a determinação de não votar em Bolsonaro, o outro candidato com mais chances de estar na segunda parte da disputa presidencial. A contundência das acusações feitas por Ciro a Lula, moralmente impede o comando partidário defender voto para Lula, posto ter Ciro, insistentemente, tentado incutir no eleitorado brasileiro que o ex-presidente não deve voltar a comandar o País por ser ele o culpado pelas mazelas hoje conhecidas.

Além do mais, no segundo turno, por certo Ciro continuará, embora menos frequente, acusando Lula, pois será muito procurado para falar sobre a nova etapa da sucessão presidencial. E estando participando do segundo turno das eleições estaduais com o candidato do PDT, Roberto Cláudio, caso esteja na disputa, também será constrangedor para Ciro manter o discurso, pois repetir as acusações que faz contra Lula, será acusado de ajudar Bolsonaro a ser reeleito, como já acontece agora, quando pessoas ligadas ao atual presidente aproveitam o seu discurso contra Lula para ampliarem a repercussão negativa e, consequentemente tirarem proveito político delas.

Quanto ao tema, assista à opinião do jornalista Edison Silva: