Ciro durante o lançamento de sua candidatura presidencial, em evento realizado na cidade de Brasília/DF. Foto: PDT.

Ciro Gomes, o único cearense a disputar pela quarta vez a Presidência da República (1998, 2002, 2018 e, agora, em 2022), tem dito que esta é a sua última postulação a um mandato eletivo (ele foi prefeito de Fortaleza, deputado estadual, deputado federal e governador). Todos sabemos, e ele mais ainda, ser muito difícil, como foram as postulações anteriores, lograr êxito no seu projeto de ser o futuro presidente do Brasil, a partir do próximo ano. Nesta eleição, além de todos os percalços dos pleitos anteriores, Ciro depara-se com uma realidade adversa no seu próprio Estado, onde, nas três outras eleições, foi o mais votado.

Em  1998, quando Fernando Henrique Cardoso reelegeu-se, e o PSDB cearense era a primeira força política do Estado, Ciro, candidato pelo PPS, venceu no Ceará o próprio Fernando Henrique e o Lula. Ciro somou 909.402 votos contra 872.290 do Lula e 804.969 dados a Fernando Henrique. Nacionalmente, ele acabou sendo o 3º candidato mais votado. Já na eleição de 2002, embora tenha sido o quarto colocado, ele foi novamente o mais votado no Ceará, totalizando 1.529.623 sufrágios contra 1.353.339 votos dados a Lula, sendo José Serra o terceiro colocado com pouco menos de 300 mil votos. Em 2018, Ciro conseguiu 1.998.597 contra 1.616.492 dados a Fernando Haddad e 1.061.075 do presidente Bolsonaro.

Se no quadro nacional Ciro tende a ficar novamente na terceira colocação, concluída a votação no primeiro turno, em 2 de outubro, no Estado, onde foi criado e faz política desde muito jovem, a perspectiva do resultado eleitoral deste ano não lhe parece muito favorável. A polarização entre as candidaturas de Lula e Bolsonaro, também o prejudica no Ceará.  Perder no Ceará, para um ou os dois principais concorrentes, pode deslustrar a sua vitória pessoal de manter-se como a terceira força política nacional. É por isso que ele precisa voltar suas atenções para o eleitorado daqui, para poder continuar dizendo, mesmo não sendo candidato, que os cearenses sempre foram, eleitoralmente, muito generosos consigo.

As eleições, realmente, só terminam com a contagem dos votos, mas as pesquisas, sobretudo a última publicada pelo Instituto Datafolha, apontando uma substancial diferença de pretensão  de votos do eleitorado nacional para Lula, seguido da opção Bolsonaro, nos leva a acreditar que só um evento especialíssimo, de consequência gravosa, poderia alterar o quadro de polarização. A pesquisa do Datafolha apresenta uma pequena margem de erro, não apenas quanto à técnica e o volume de entrevistas, mas também por estarmos próximos do fim da campanha, mesmo ainda não tendo começado o horário da propaganda eleitoral, cuja influência maior deverá ser a de consolidação do quadro atual, por pequenas diferenças a maior ou menor dos percentuais ora apontados.

Ciro, na sua primeira disputa presidencial conseguiu 10% dos votos nacionais, e nas duas últimas contabilizou, respectivamente, 12% e 12,47% da votação geral. Uma expressiva votação para um candidato praticamente sem alianças. Os méritos pessoais dele, evidente, são bem maiores que os defeitos, sobretudo os de não conseguir agregar aliados para a garantia de uma musculatura mais encorpada tão necessária para uma postulação majoritária nacional. Outras lideranças nacionais, bancadas por siglas maiores, não conseguiram manter essa votação por ele alcançada nas três outras disputas presidenciais. Os candidatos a presidente do MDB e do PSDB, nas últimas eleições, tiveram votação inexpressiva em relação à de Ciro.

Assista ao comentário do jornalista Edison Silva: