Ciro Gomes discursa em evento do PDT, em Brasília. Foto: Reprodução/YouTube.

Ciro Ferreira Gomes é o único cearense indicado quatro vezes para ser candidato a presidente da República. A primeira foi em 1998, a segunda em 2002, ambas pelo antigo PPS, hoje Cidadania, e as duas outras em 2018 e agora em 2022, pelo PDT. Em duas delas (1998 e em 2018) ficou na terceira colocação, e na outra (2002) foi o quarto colocado. Na primeira disputa conseguiu 10% dos votos nacionais, e nas duas últimas contabilizou, respectivamente, 12% e 12,47% da votação geral. Uma expressiva votação para um candidato praticamente sem alianças partidárias significativas.

Os méritos pessoais dele, evidente, são bem maiores que os defeitos, sobretudo os de não conseguir agregar aliados para a garantia de uma musculatura mais encorpada tão necessária para uma postulação majoritária nacional. Outras lideranças nacionais, bancadas por siglas maiores, não conseguiram manter essa votação por ele alcançada nas três outras disputas presidenciais. Os candidatos a presidente do MDB e do PSDB, nas últimas eleições, tiveram votação inexpressiva em relação à de Ciro. Lamentavelmente, neste ano, parece que o cearense não vai chegar ao comando do Executivo nacional.

Ciro teve o seu nome homologado como candidato a presidente sem ter ainda quem lhe faça companhia como vice. No pleito passado sua vice, a senado Kátia Abreu, era do mesmo PDT, pelas mesmas razões de agora: Ciro não conseguiu um outro partido para compartilhar com ele a campanha. São importantes, como regra geral, as alianças para o sucesso das campanhas majoritárias, mesmo o candidato tendo as qualidades de um Ciro, hoje também vítima da polarização que predomina na política nacional entre os presidenciáveis Lula e Bolsonaro, assim como da falta de espirito público da maioria que protesta contra a polarização, mas não ajuda a viabilizar uma opção aos dois que polarizam.

Provavelmente, Ciro não logrando êxito nesta disputa, não tentará uma quinta vez, e o Ceará, nos próximos anos, lamentavelmente, não terá um seu representante (embora Ciro tenha nascido na cidade paulista de Pindamanhongaba) na disputa presidencial. Ciro deu uma boa contribuição à política cearense ao motivar o nascimento de novas lideranças, mas elas ainda estão em estado de afirmação. O seu empenho para fazer Roberto Cláudio candidato a governador do Ceará, neste ano, é prova do seu empenho na oxigenação da política cearense e brasileira, que poderá salvar o Brasil, no futuro, de situações extravagante como a atual.

E será no Ceará, embora o nosso eleitorado seja relativamente pequeno para uma eleição presidencial, que Ciro deverá, nesta campanha, dispensar uma atenção especial, pois para repetir a liderança na votação que tem tido nas disputas presidenciais terá que se fazer mais presente no palanque do seu candidato a governador, posto o Ceará estar no radar das candidaturas de Lula e de Bolsonaro, também com o objetivo de derrotá-lo no seu próprio território, pois é ele, mesmo com todas as dificuldades experimentadas, o principal adversário de ambos, fazendo uso daquilo que faz muito bem, o discurso corajoso e virulento capaz de atingi-los, mesmo que não o suficiente para derrotá-los, mas capaz de deixá-los feridos e até certo ponto abalados e consequentemente vulneráveis.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva: