Roberto Cláudio discursa após o resultado final dentro do Diretório; lideranças pedetistas acompanharam o evento, como a governadora Izolda, Carlos Lupi, presidente nacional do partido, e o prefeito Sarto. Foto: Divulgação,

O PDT poderia ter saído melhor do processo de escolha do seu candidato a governador do Ceará. Restaram insatisfações internas, e no meio dos tradicionais aliados. Nada irreconciliável, mas a campanha não será tão espontânea como foram as últimas. Roberto Cláudio, o escolhido vai ter mais dificuldade de confiar nos aliados, e estes nele. É falacioso o discurso de união em torno do escolhido, principalmente pelo fato de a disputa interna ter sido em razão de influências no próximo Governo, admitindo-se a possibilidade de o grupo vencer a disputa para permanecer no Poder. O PDT não tinha quatro nomes em igualdade de condições competitivas para disputar o cargo de governador.

Essa invenção já havia criado dificuldades em 2014, onde estavam dois dos nomes que figuraram na lista dos quatro pré-candidatos deste ano: Izolda Cela e Mauro Filho, os outros dois insatisfeitos por também terem sido escanteados foram Domingos Filho e Zezinho Albuquerque. A hoje governador Izolda Cela, publicamente demonstrou a sua irresignação, na época,  deixando de comparecer à convenção que homologou o nome do ex-governador Camilo Santana, após, o à época governador Cid Gomes, por razões ainda hoje não conhecidas publicamente, ter escolhido Camilo, e  preterido os seus correligionários que passaram meses vendendo a ideia de que um deles seria o nome para disputar o Governo do Estado.

Como neste espaço já registrado, em outro momento, Cid com a mesma força que afastou os quatro pré-candidatos daquela época os acomodou na chapa majoritária e no Governo. Izolda passou a ser a vice-governadora, e Mauro foi candidato ao Senado, sendo aproveitado no Governo após a derrota, enquanto Zezinho Albuquerque manteve-se como presidente da Assembleia, e Domingos Filho, mais adiante, ganhou um emprego vitalício de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios, extinto, algum tempo depois, por conta de uma briga política patrocinada por Domingos na disputa pela presidência da Assembleia, quando defendida a candidatura do deputado Sérgio Aguiar contra a reeleição de Zezinho Albuquerque.

Camilo, mesmo com toda a estrutura do Governo do Estado comandada com mão forte por Cid Gomes, venceu Eunício Oliveira com uma pequena margem de votos. Agora, a governadora é Izolda Cela, ainda neófita no ambiente, embora já há algum tempo na vida pública como auxiliar, sem a sagacidade política do líder do seu partido, portanto mais difícil será a disputa para o candidato governista, embora a oposição, com toda boa vontade de boa parte do eleitorado, inclusive pelo cansaço do reconhecido bom modelo atual de gestão, ainda não está devidamente organizada e qualificada para merecer o crédito dos que gostariam de experimentar um Governo com outra mentalidade.

A lição do desgaste para o maior partido do Estado e suas lideranças deve ser exemplo para futuras eleições. Os partidos precisam ter competência para escolher os seus melhores nomes para as disputas dos cargos majoritários. Sempre haverá um melhor entre os melhores.  Os bons nomes não devem ser expostos aos desgastes natural de uma disputa externa. É desgastá-los desnecessariamente, colocá-los numa vala comum, como se todos tivessem as mesmas qualidades e competências para o exercício do cargo de governador, o que não é verdade. Ainda não temos, infelizmente, no Brasil, um ambiente de educação política para o exercício do modelo criado por Ciro e Cid Gomes para a escolha de candidatos majoritários nos partidos. Eles próprios demonstraram que esse modelo não é o ideal, como mostramos no caso da escolha de Camilo Santana em 2014.

Veja a opinião do jornalista Edison Silva: