Vereadora chorou ao ler o diálogo entre a juíza e a criança estuprada. Ela tem duas filhas, uma de 12 anos de idade e outra de 5. Foto: Reprodução/YouTube.

A vereadora Adriana Nossa Cara (PSOL) chorou, na manhã desta quinta-feira (23), durante sessão ordinária na Câmara Municipal de Fortaleza, ao lembrar o caso da juíza Joana Ribeiro, que impediu que menina de 11 anos estuprada de praticar aborto legal. A parlamentar se emocionou ao rebater colegas vereadores que, antes dela, chegaram a criticar a prática da interrupção da gravidez da criança abusada.

Antes do pronunciamento de Adriana, os vereadores Jorge Pinheiro (PSDB) e Priscila Costa (PL) criticaram a prática do aborto e chegaram a justificar a decisão da juíza de Santa Catarina. Em dado momento chegou-se a falar que a ação seria “diabólica”, o que foi rebatido por Adriana.

“Eu sou mãe de duas meninas e é profundamente desolador acompanhar pela televisão, pelos meios de comunicação um caso como esse, que é usado muitas vezes de trampolim para ganhar ‘likes’, para ganhar seguidores, para fortalecer uma lógica de viralizar nas redes sociais, em detrimento de uma violência profunda e processo de revitimização dessa criança”, disse a socialista.

A vereadora leu todo o diálogo entre a juíza e a menina estuprada, chegando a chorar durante a leitura do depoimento. De acordo com ela, a criança passou por tortura e negligência por parte do Estado, que seria quem deveria lhe dar guarida. “Uma juíza colocou a criança praticamente em cárcere privado. Quando ela procurou a Justiça para ter o aborto legal, ela não estava com tantas semanas de gestação. A gestação foi prolongada porque a ela foi negado um direito legal. A gente está falando de uma criança abusada sexualmente a acessar o aborto legal, que é previsto em Lei”.

De acordo com ela, na atual situação, a criança tem 50% de chances de ir a óbito caso leve a gestação adiante. “Se falou aqui tanto em questões diabólicas. Diabólico é dar a uma criança que não tem estrutura física, social, emocional, mental e financeira de parir numa gestação se for prosseguida, porque ela estará entregue à morte. Essa narrativa de crianças estupradas matando fetos é uma narrativa diabólica. Crime é quem defende uma narrativa de que vocês são assassinas. Vocês são vítimas de um Estado que, infelizmente, não param casos de violência com esse”.

Veja a reação de Priscila Costa:

Assista ao momento em que Adriana chora: