Bruno Araújo Pereira e jornalista inglês Dom Phillips estavam desaparecidos desde domingo, 5, no Amazonas. Foto: Reprodução

A mulher de Dom Philips, Alessandra Sampaio, informou que foram encontrados os corpos do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, que estavam desaparecidos desde domingo, 5, no Amazonas.

A informação foi divulgada pelo jornalista André Trigueiro, da TV Globo, e ainda não confirmada por autoridades. Ainda segundo o jornalista, a esposa, Alessandra, disse que recebeu ligação da PF informando que os corpos precisam ser periciados.

A Embaixada Britânica já havia comunicado aos irmãos de Dom Phillips que eram os corpos do jornalista e do indigenista. Agora todos aguardam a perícia. O jornalista britânico Dom Phillips e o servidor da Funai Bruno Araújo Pereira sumiram quando se deslocavam de barco pelo rio Itaquaí após uma visita à Terra Indígena do Vale do Javari (Amazonas), território que tem sofrido com invasões.

Trabalhando com os povos nativos desde 2010, Pereira sofria ameaças frequentes de invasores e garimpeiros que atuavam em terras indígenas.

A Polícia Federal (PF) encontrou alguns pertences do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips, desaparecidos desde 5 de junho na região amazônica, na área da reserva indígena do Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares. Em nota, a PF disse que foram localizados um cartão de saúde com nome de Bruno Pereira e outros itens dele e de Dom Phillips.

Os pertences foram localizados após a realização de buscas fluviais com reconhecimento aéreo em uma área de 25 km na região do rio Itaquaí, no local onde foi encontrada outra embarcação aparentemente de Amarildo Costa Oliveira, que está com prisão temporária decretada.

Os pertences foram localizados por mergulhadores do Corpo de Bombeiros. Eles também integram a força-tarefa que realiza as buscas. Segundo a Polícia Federal, os itens localizados foram um cartão de saúde, uma calça preta, um chinelo preto e um par de botas pertencente a Bruno Pereira; e um par de botas e uma mochila de Dom Philips, além de roupas.

Desaparecidos

Bruno Pereira, além de indigenista (que apoia a causa indígena), era servidor Federal da Funai. Ele também dava suporte à Univaja – União dos Povos Indígenas do Vale do Javari em projetos e ações pontuais. Segundo a nota da Univaja, Bruno era “experiente e profundo conhecedor da região, pois foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por anos”.

Phillips morava em Salvador e fazia reportagens sobre o Brasil há mais de 15 anos para veículos como Washington Post, New York Times e Financial Times, além do The Guardian. Ele também estava trabalhando em um livro sobre meio ambiente com apoio da Fundação Alicia Patterson. Os dois faziam expedições juntos na região desde 2018.

Segundo informações da Folha de S. Paulo, a terra indígena do Vale do Javari foi cenário de invasões de pescadores armados, ataques com tiros a indígenas e caça ilegal. As denúncias constam em seis ofícios entregues pela Univaja entre fevereiro e maio deste ano ao MPF do Amazonas, PF, Força Nacional de Segurança Pública e à Funai.

Bruno e Dom tinham sido vistos pela última vez no dia 5 ao chegarem a uma localidade chamada comunidade São Rafael. De lá, eles partiram rumo a Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas, mas não chegaram ao destino.

Buscas

Na última sexta-feira, 10, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, determinou a adoção, pela União, de todas as providências necessárias à localização do indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira, servidor licenciado da Funai, e do jornalista britânico Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, utilizando todos os meios e forças cabíveis. A decisão atendeu a um pedido formulado pela Apib – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil na ADPF 709.

Barroso observou que ambos desempenhavam atividades de fortalecimento de proteção territorial contra invasores, apoiando uma organização indígena local, em razão da insuficiência da atuação estatal, a despeito das decisões do STF nesse sentido. Salientou, ainda, que o desaparecimento ocorreu em área de barreira sanitária que tinha por objeto proteger a entrada da terra indígena do Vale do Javari.

Segundo o ministro, a decisão tinha o objetivo de resguardar os direitos fundamentais à vida e à saúde dos envolvidos.

Fonte: Migalhas e Agência Brasil