Arte: Ascom/UB.

O deputado federal Capitão Wagner, presidente estadual do União Brasil, está usando na sua pré-campanha de candidato a governador do Estado do Ceará, no pleito deste ano, a marca “União pelo Ceará”, como fizera Virgílio Távora em 1962 para chegar à chefia do Executivo cearense. A diferença é que naquela época, a União era para a continuidade do Governo, cujo titular era Parsifal Barroso, que na disputa em 1958 derrotou o próprio Virgílio, candidato da UDN, aliada ao PSP e o PR. Parsifal foi eleito pelo PTB. Todos esses partidos, e os demais da época, foram extintos por um dos primeiros atos institucionais editados pelos generais que tomaram o Poder em 1964.

A primeira União pelo Ceará formada no Estado é uma demonstração do nível de respeito e confiança entre as lideranças políticas da época. Foi uma disputa acirrada em 1958. Parsifal era o novo, liderado pelo sogro, Francisco de Almeida Monte (Chico Monte), e recém saído do Ministério do Trabalho, no governo do presidente Juscelino Kubitschek, derrotou Virgílio Távora, udenista, representante de uma importante família política. Sofreu deste uma forte oposição, mas foi buscar o apoio dele para evitar que houvesse, no seu entender, um retrocesso administrativo, além de os dois garantirem posições de destaques no cenário estadual. Parsifal queria voltar a ser senador, na oportunidade, com o apoio de Virgílio, se realmente fosse eleito governador.

O candidato de Parsifal a senador na chapa de Virgílio era um sobralense chamado Tancredo Haley de Alcântara, amigo pessoal de Chico Monte, sem pretensão política, deveria renunciar ao mandato, antes mesmo da posse, para permitir uma nova eleição para o Senado, quando Parsifal Barroso seria o candidato apoiado pelo governador Virgílio. Tancredo perdeu a eleição para Carlos Jereissati, com uma diferença pouco inferior a 7 mil votos, que foi atribuído ao trabalho do padre José Palhano de Saboia, primeiro adversário de Chico Monte e do seu genro Parsifal. Palhano foi eleito deputado federal na época, ajudado por Carlos Jereissati.

A União pelo Ceará organizada pelo deputado Capitão Wagner é bem diferente daquela. Hoje são oposicionistas unidos que querem derrotar, por derrotar, os governistas. Derrotar o adversário faz parte da política, e dos que pretendem chegar ao Poder. Mas, como antes, deveriam também pensar no Estado. E não apenas pensar isoladamente, mas coletivamente, trazendo ao debate suas propostas, não mirabolantes, mas exequíveis, para fazer melhor do que está sendo feito, ou propor algo novo que os atuais governantes ainda não foram capazes de alcançar. Virgílio realmente revolucionou a administração pública com a introdução do Planejamento.

O Ceará, depois de Virgílio, de Tasso Jereissati que deu outra dinâmica ao Governo do Estado, a partir de 1986, e de Cid Gomes que avançou na gestão, precisa de mais oxigenação no Poder Executivo. Talvez não tenha avançado mais ainda, exato por falta de uma oposição responsável, como toda ela precisa ser. Como essa oposição não cobrou, e nem cobra, mostrando suas ideias para melhor a execução dos serviços públicos prestados, ou de novas ações que poderiam estar sendo executadas, fica difícil, agora, na campanha, apresentar propostas que não sejam consideradas eleitoreiras, e, por conseguinte, não merecedoras de crédito, até mesmo pelos eleitores favoráveis a uma mudança no comando político do Estado. Estes, conscientemente, não querem mudar por mudar.

Sobre o assunto veja o comentário do jornalista Edison Silva: