Senador Tasso Jereissati, ex-senador Luiz Pontes e senador/suplente, Chiquinho Feitosa. Foto: Blog do Edison Silva.

Na última semana de dezembro do ano passado, escrevemos sobre a crítica situação eleitoral do PSDB cearense, registrando a saída de alguns dos seus filiados em busca do União Brasil (UB), a nova sigla nascida da fusão do DEM com o PSL. Agora, após o resultado da disputa pelo comando do UB, vencida pela oposição cearense, surge a possibilidade de o PSDB ressurgir, não com a força de outrora, mas com musculatura para eleger deputados estaduais e federais. O ex-presidente do Democratas, empresário e senador-suplente Chiquinho Feitosa, será o responsável pela empreitada, segundo discursos proferidos por Luiz Pontes, o presidente do diretório que sai, e pelo senador Tasso Jereissati, a principal liderança da agremiação no Estado, quando saudavam nesta segunda-feira (21) a filiação de Feitosa.

O PSDB, fundado no Ceará pelo senador Tasso Jereissati, participou de sua primeira eleição no Estado em 1990, com a candidatura de Ciro Gomes ao Governo, tendo como vice, Lúcio Alcântara. Tasso era governador e o partido elegeu, naquela oportunidade, 18 deputados estaduais com a soma de aproximadamente um terço do eleitorado cearense. Permaneceu grande até quando perdeu o Poder em 2006 para Cid Gomes ao derrotar Lúcio Alcântara, não apoiado por Tasso, embora fosse filiado ao seu partido. Nas eleições de 2018, sequer o PSDB apresentou chapa completa à Assembleia e Câmara dos Deputados. Além de dois deputados estaduais só Roberto Pessoa foi eleito deputado federal. Ele tinha chegado pouco antes da eleição ao partido, depois de perder o controle do PL, que passou a ser governista com a ex-deputada Gorete Pereira, o que significa dizer que a maioria dos votos recebidos pelo partido era mesmo de Roberto Pessoa.

A situação do PSDB cearense, repetimos o afirmado em dezembro passado, é a mesma de quase todos os partidos, exceção do PT, onde, a fidelidade partidária, ou a fidelidade ao ex-presidente Lula, faz a diferença. Agora mesmo, no plano nacional, 0 partido do senador Tasso está ameaçado de perder até 30% de sua bancada federal, tanto por conta da fragilidade da candidatura presidencial da sigla, no caso o governador João Doria, do Estado de São Paulo, quanto pela admiração dos deputados pelas candidaturas de Bolsonaro e Lula, além da possibilidade de o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, também trocar de partido para ser candidato a presidente da República pelo PSD. Evidente que as dificuldades experimentadas nacionalmente refletem em todos os estados, daí causar uma certa surpresa os acontecimentos das últimas horas que provocaram as mudanças estimuladoras para o PSDB do Ceará.

Sob a supervisão do senador Tasso Jereissati, o ex-senador Luiz Pontes arregimentou um grupo de líderes comunitários, vereadores e suplentes de deputado para organizar uma chapa de candidatos à Assembleia Legislativa com potencial de somar até 300 mil votos com os levados por Chiquinho Feitosa. Em relação à Câmara Federal a perspectiva é a de eleger dois deputados federais, um deles o próprio Feitosa, lembrando que dentre os outros nomes na chapa federal está o ex-vice-prefeito de Fortaleza, Moroni Torgan, que em todos os mandatos parlamentares conquistados sempre foi um dos mais votados no Estado. São projeções factíveis, mas, mesmo que não as fossem, a mudança no PSDB cearense já merecia ser destacada por deixar viva a agremiação.

O PSDB cearense vai estar na base de apoio ao candidato a governador apresentado pelo PDT, na aliança com o PT, o PSD, o PP e outros. Assim, também receberá para os seus candidatos as benesses sempre providenciais em períodos eleitorais. Chiquinho Feitosa é bem relacionado com as principais lideranças governistas, facilitando mais ainda a aproximação dos candidatos tucanos do bolo governamental de que todos querem ter um pedaço. Coincidentemente, antes da solenidade de filiação de Chiquinho Feitosa, em evento no Palácio da Abolição o senador Tasso Jereissati teve oportunidade de conversar com Ciro e Cid Gomes, antes e depois do encontro com outros ex-governadores do Estado do Ceará, provocado pelo governador Camilo Santana, para uma reunião do chamado Conselho de Ex-governadores, onde, evidente, não foram tratados assuntos relacionados às eleições deste ano.

E não falaram sobre eleições exatamente pelo fato de dois ex-governadores (Gonzaga Mota e Lúcio Alcântara) não apoiarem a política de Camilo Santana, aliado de Ciro, Cid, Chico Aguiar, e agora de Tasso Jereissati, todos integrantes do Conselho de cujo encontro também participou a vice-governadora Izolda Cela, que será efetivada no cargo com a renúncia de Camilo Santana até o dia 2 de abril próximo.

Sobre o tema, veja o comentário do jornalista Edison Silva: