Ministro Milton Ribeiro caiu por causa do escândalo de corrupção no MEC. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil.

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, entregou pedido de exoneração ao presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta segunda-feira (28). Ele pediu para deixar o cargo depois de vir à tona um suposto favorecimento de pastores na distribuição de verbas do Ministério. Ribeiro negou as acusações. A saída foi publicada em edição extraordinária do Diário Oficial da União.

Pelas redes sociais, deputados comentaram a exoneração. Coordenador da Comissão Externa da Câmara para acompanhamento dos trabalhos do MEC, o deputado Felipe Rigoni (União-ES) disse que a queda de Milton Ribeiro é reflexo do abandono que a educação brasileira vem sofrendo.

“Em menos de 4 anos, teremos a terceira mudança no comando do MEC. Enquanto a educação não for prioridade, o futuro de muitos jovens será comprometido. Chega de politicagem!”, destacou.

Milton é o quarto ministro que ocupou o MEC no governo Bolsonaro.

Rigoni lembra que a comissão externa denunciou “inúmeros descasos” da pasta. “Mais do que isso, como coordenador da comissão, apresentei diversos boletins com sugestões, mostrando os problemas e apontando soluções. Infelizmente, nada foi feito”. Rigoni espera que o próximo nome indicado para a Educação seja técnico.

Relatora da comissão externa, a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) disse que mais um ministro caiu “deixando um rastro de incompetência, corrupção e retrocessos no MEC”.

A líder do Psol, deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP), defendeu que Milton Ribeiro responda por seus crimes. “É uma vitória para quem defende o Brasil e a educação pública. Ainda assim, sabemos que Bolsonaro sempre pode apresentar um nome ainda pior, temos que seguir a luta pela queda e enfraquecimento desse governo de criminosos”.

CPI
Há deputados que defendem ainda uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. Jorge Solla (PT-BA) afirmou que trata-se de um escândalo de corrupção que merece uma CPI. “Milton Ribeiro cai pelo escândalo de corrupção na Educação. É criminoso, mas seguiu ordens de Bolsonaro para atender ilegalmente demandas dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que pediam propina até em barras de ouro”, afirmou.

Coordenador da Frente Parlamentar Mista da Educação, o deputado Professor Israel (PV-DF) também é favorável à CPI. “Está na base do governo Bolsonaro enfraquecer as instituições e construir estruturas paralelas que acolham seus seguidores e deem espaços para seus esquemas. Foi assim na Saúde, com o Orçamento e, agora, na Educação”.

Coragem
O deputado Pr. Marco Feliciano (PL-SP) agradeceu o que considerou um “gesto de coragem” do ministro, “ainda que tardio”. Mais cedo Feliciano havia publicado um apelo para que Milton Ribeiro se licenciasse da pasta. “Por nós, evangélicos, que estamos sendo triturados. Pelo presidente Jair Bolsonaro, que em um ano tão importante, está sendo arrastado para essa história estranha”, publicou em suas redes sociais. Feliciano também desejou “força” para que Ribeiro enfrente processo na Justiça.

Posicionamento

Em nota publicada nas redes sociais, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou que não praticou atos ilícitos. “Tenho plena convicção de que jamais pratiquei qualquer ato de gestão que não fosse pautado pela legalidade, pela probidade e pelo compromisso com o erário. As suspeitas de que foram cometidos atos irregulares devem ser investigadas com profundidade”, destacou o ministro.

“Decidi solicitar o presidente Bolsonaro a exoneração do cargo de ministro a fim de que não paire nenhuma incerteza sobre minha conduta e do governo federal. Meu afastamento visa, mais do que tudo, deixar claro que quero uma investigação completa isenta”, traz a nota.

Fontes: Agência Câmara de Notícias e Agência Brasil.