Ministro da Educação, Milton Ribeiro. Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil.

O que faz pessoas com a formação de um Milton Ribeiro (ministro da Educação), de um Marcelo Queiroga (ministro da Saúde), de um Eduardo Pazuello (ex-ministro da Saúde), e tantos outros citados no noticiário político-policial envergarem-se para cumprirem ordens ou recomendações questionáveis, sob a ótica da ética e da moralidade públicas, jogando na lama os seus currículos e a respeitabilidade construída ao longo dos anos, e, por consequência tornarem-se entes execrados? Será a vaidade excessiva de ocupar e manter-se num cargo público?

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, pastor da Igreja Presbiteriana, formado em Direito, em Teologia e doutor em Educação, é o protagonista do escândalo mais novo no Ministério da Educação, onde abriga evangélicos que estariam cobrando propina para liberação de recursos daquele organismo federal para prefeituras brasileiras. Milton nega haver irregularidades, mas as evidências, abstraindo-se os interesses políticos, são realmente muito fortes. Tem uma gravação dele dizendo ter recebido ordens do presidente Bolsonaro para atender as prefeituras de menor porte encaminhadas por um dos auxiliares informais, representando o grupo religioso. Ao negar as falcatruas denunciadas, Ribeiro isenta o presidente da República de qualquer culpa nesse caso.

Faz tempo, mas ainda permanece vivo na lembrança de muitos brasileiros, que o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, depois de ser desautorizado publicamente pelo presidente Bolsonaro, no caso da compra da vacina Coronavac, contra a Covid-19, produzida pelo Instituto Butantã, um órgão ligado ao Governo de São Paulo. A pressão política e popular para aquisição da vacina, pelo Ministério da Saúde, fez Pazuello afirmar que compraria o produto tão logo a Anvisa o credenciasse. Adversário do governador de São Paulo, João Doria, o presidente reagiu, de pronto, à declaração do ministro e disse que a vacina não seria comprada, motivando uma situação humilhante para Pazuello, que apenas limitou-se a dizer, ao lado de Bolsonaro, no Hospital do Exército, em Brasília: “É simples assim: um manda e o outro obedece”. Pior: continuou no Governo até ser defenestrado por pressão da CPI da Pandemia no Senado.

Um general do Exército, assim como todos os de patente assemelhada nas outras Armas, Aeronáutica e Marinha, tem uma formação cultural e moral elevada. Pazuello poderia chegar a receber a quarta estrela, último grau na hierarquia da Força, mas não chegou lá. Como Milton, o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, também decepcionou. Ele continua no cargo, mas nem todos têm o mesmo sentimento de respeito a ele após algumas das suas ações, ou omissões como ministro. A CPI da Pandemia no Senado o execrou, e parte da comunidade médica o reprova. Queiroga, como os outros aqui citados, tem um exemplar currículo, e antes de chegar ao Ministério era presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Queiroga, também vergou-se demais. Pelos exemplos dados, não merece ser um representante popular.

Os ministros, secretários, e auxiliares dos mais diversos níveis das administrações deveriam ter mais respeito a si próprios. Só é verdadeiramente honroso estar ao lado do presidente, governador ou do prefeito, se primeiro o auxiliar tiver respeito a si. Nenhum governante terá coragem de ordenar ou pedir que seja praticada uma ação imoral a quem se faz respeitar. O dominado pela vaidade quase sempre está sujeito a tudo, inclusive perder o que ser humano tem de muito importante, o respeito. E se este for levado, jamais será recuperado, deixando a família no sofrimento, os amigos afastados, e a sociedade com mais uma pessoa inútil ou perigosa pelos males que possa praticar chegando no isolamento que buscou.

Milton Ribeiro, Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga, eram bem sucedidos e poderiam ter continuado no caminho que perseguiam antes de chegar aos ministérios do atual Governo, principal responsável pelas situações que eles criaram, resultando desabonadoras a todos.

Sobre o assunto, veja o comentário do jornalista Edison Silva: