Senador Cid Gomes (PDT) dá entrevista na Assembleia Legislativa ao lado de deputados e vereadores de Fortaleza. Foto: Blog do Edison Silva.

Na manhã desta quarta-feira (15), por meio de sua conta no Twitter o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), e pretenso candidato à Presidência da República em 2022, proferiu intensas declarações sobre as busca e apreensões feitas em sua residência pela Polícia Federal (PF). A Operação Colosseum, denominada pela PF, investiga desvio de dinheiro público entre 2010 e 2013 durante obras da Arena Castelão em Fortaleza/CE, preparada para a Copa do Mundo, sediada no Brasil em 2014.

O senador Cid Gomes, irmão de Ciro, é um dos alvos das investigações, tendo em vista que naquele período era governador do Estado do Ceará. A operação tem como objetivo sequenciar um inquérito que apura possíveis fraudes, com exigências de pagamento de propina a agentes políticos e servidores, que segundo o órgão, chega a R$ 11 milhões. Cid preferiu manifestar-se dando uma entrevista coletiva no início da noite desta quarta-feira (15) nas dependências da Assembleia Legislativa do Ceará.

Cercado por deputados estaduais, vereadores e outras lideranças políticas, inclusive o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, Cid começou dizendo que foi uma “molecagem” as buscas e apreensões que fizeram hoje em sua casa em Fortaleza, e na Serra da Meruoca, de onde, aliás, levaram além de celulares, inclusive o do Senado, computadores e uma quantia de pouco mais de R$ 50 mil, que ele mostrou, estavam declarados no Imposto de Renda (ele mostrou uma cópia da declaração do Imposto de Renda).

Veja trecho da fala do senador Cid:

Cid Gomes fez críticas ao presidente Bolsonaro, ao comando da Polícia Federal e ao juiz que autorizou a busca e apreensão, sobretudo pela distância entre a construção da obra, objeto da investigação, concluída em 2012, e a delação premiada acontecida há quatro anos.

Falou que a Arena Castelão foi a obra mais barata de todos os estádios construídos para a Copa do Mundo no Brasil e a única a não ser construída pelo grupo de empreiteiras que haviam divido os espaços de construções dos estádios no Brasil, por isso foi a mais rápida e de menor custo.

Ele atribui a ação da Polícia Federal, embora ressalte a delicadeza dos agentes que foram à sua casa, ser uma ação política e já antecipada por aliados do presidente Bolsonaro no Ceará, e prometeu recorrer da decisão do juiz e levar a questão ao Senado Federal, onde, se encontrar clima, defenderá a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o aparelhamento da Polícia Federal, a partir das indicações para os postos chaves da Instituição, hoje comandada por pessoas sem a devida qualificação. 

Mais de 80 policiais cumpriram, no total, 14 mandados de busca e apreensão em três municípios cearenses: Fortaleza, Meruoca e Juazeiro do Norte. As cidades de São Paulo-SP, Belo Horizonte-MG e São Luís-MA também foram palco das investigações.

Atualizada às 20 horas

Nota Oficial de Ciro Gomes: 

Até esta manhã, eu imaginava que vivíamos, mesmo com todas imperfeições, em um pais democrático. Mas depois da Policia Federal subordinada a Bolsonaro, com ordem judicial abusiva de busca e apreensão, ter vindo a minha casa, não tenho mais dúvida de que Bolsonaro transformou o Brasil num Estado Policial que se oculta sob falsa capa de legalidade.

O pretexto era de recolher supostas provas de um suposto esquema de favorecimento a uma empresa na licitação das obras do Estádio do Castelão para a Copa do Mundo de 2014. Chega a ser pitoresco. O Brasil todo sabe que o Castelão foi o estádio da Copa com maior concorrência, o primeiro a ser entregue e o mais barato construído para Copas do Mundo desde 2002. Ou seja, foi o estádio mais econômico e transparente já feito para a Copa do Mundo.

Mas não é isso. E sejamos claros. Não tenho nenhuma ligação com os supostos fatos apurados. Não exerci nenhum cargo público relacionados com eles. Nunca mantive nenhum tipo de contato com os delatores. O que, aliás, o próprio delator reconhece quando diz que NUNCA me encontrou.

Tenho 40 anos de vida pública e nunca fui acusado nem processado por corrupção. Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar criar danos à minha pre-candidatura à presidência da republica. Da mesma forma tentaram 15 dias antes do primeiro turno da eleição de 2018.

O braço do estado policialesco de Bolsonaro, que trata opositores como inimigos a serem destruídos fisicamente, levanta-se novamente contra mim. Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar me intimidar e deter as denúncias que faço todo dia contra esse governo que está dilapidando nosso patrimônio público com esquemas de corrupção de escala inédita.

Nuca me senti um cidadão acima da lei, mas não posso aceitar passivamente ser tratado como um subcidadão abaixo da lei.

Sou um homem do embate, do combate e do Direito. Essa história não ficará assim. Vou até as últimas consequências legais para processar aqueles que tentam me atacar. Meus inimigos nunca me intimidaram e nunca me intimidarão. NINGUÉM VAI CALAR A MINHA VOZ