Apesar de ser evangélico, Gardel Rolim não entra em debates de cunho comportamental e ideológico. Foto: Miguel Martins.

Nas últimas semanas, temas comportamentais têm norteado os trabalhos na Câmara Municipal de Fortaleza, principalmente, entre os vereadores que se intitulam como conservadores na Casa Legislativa. O tema voltou ao debate do dia após esses parlamentares terem se incomodado com placas contra a transfobia que foram instaladas em equipamentos da Rede Cuca, na Capital cearense.

Para o líder do Governo na Câmara, o vereador Gardel Rolim (PDT), alguns de seus pares têm utilizado esse tema como “cortina de fumaça” para evitarem debater assuntos mais gerais e de interesse imediato da população.

O parlamentar tem, inclusive, sido cobrado por outros vereadores para dar resposta sobre o posicionamento do Governo Municipal quanto as placas. Na semana passada ele respondeu que era preciso se aprofundar sobre essas questões, que, aparentemente, ainda são desconhecidas da maioria dos membros do Legislativo de Fortaleza.

“Eu lamento profundamente que esse debate tenha tomado conta do plenário da Casa. A gente tem que discutir é a retomada do emprego, do desenvolvimento econômico, os rumos que temos que dar para coisa pública no Brasil, os planos para fortalecer e restabelecer o SUS”, apontou. “Tudo isso interessa muito mais. A política de preços da Petrobras, a volta da inflação, o preço da cesta básica. Temos gastado tempo discutindo questões comportamentais que não é o que interessa à maior parte do povo”.

Para Rolim, esse é um debate levantado nas casas legislativas, principalmente, pelo grupo bolsonarista que tem como objetivo discutir questões comportamentais de interesse individual ao invés de priorizar discussão sobre políticas públicas. “Falta a eles portfólio maior para discutir isso. Estamos finalizando o terceiro ano do Governo Bolsonaro e não temos nenhuma política pública construída por esse Governo na Educação, na Saúde ou na área econômica, que era a grande propaganda. Nada disso ocorreu, muito pelo contrário”.

Plano

Apesar de Gardel apontar o grupo bolsonarista como vetor deste tipo de tema na Casa, parlamentares da base governista de Sarto também têm empreendido debates nesse sentido. É o caso, por exemplo, dos vereadores Adail Júnior (PDT) e Jorge Pinheiro (PSDB), que se uniram à pauta conservadora na Casa. Outros parlamentares da base aliada também se posicionam favoráveis a este tema e contrários a mudanças de cunho mais progressista.

Segundo Rolim, é preciso que se “tome as rédeas” do debate na Câmara Municipal, bem como nas casas legislativas pelo Brasil, a fim de se retomar uma discussão mais consistente. “Que plano vamos construir para que o Brasil tenha uma retomada do emprego, da indústria e das grandes empresas? Acho que é um debate que a gente precisa provocar. Nesse cenário de deserto é muito mais fácil pautar debates ideológicos e comportamentais do que tratar efetivamente do que as pessoas querem saber”, afirmou.