Ainda que tenha atuado, muitas das vezes, ao lado de senadores da base governista, o senador cearense do Podemos afirmou que buscou trilhar caminhos da imparcialidade e da independência. Foto: Redes Sociais.

Apesar de se autoproclamar como “independente”, o senador cearense Eduardo Girão (Podemos), apresentou um relatório paralelo ao do senador Renan Calheiros na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, atenuando as responsabilidades do presidente da República, Jair Bolsonaro, na condução da pandemia do novo coronavírus no Brasil.

No seu relatório, o parlamentar cearense afirmou que o colegiado “deixou a desejar” e “faltou coragem” ao não investigar governadores e prefeitos, no que foi contestado pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz.

Ele solicitou que a Procuradoria Geral da República aprofunde investigações sobre possível “crime de prevaricação” cometido pela Mesa Diretora da CPI e afirmou que estava de consciência tranquila. Para Girão, a postura do presidente Bolsonaro, apesar de “negativa e condenável”, não foi exclusiva dele, mas praticada por outros gestores em todo o País.

Ainda que tenha atuado, muitas das vezes, ao lado de senadores da base governista, o senador cearense afirmou que buscou trilhar caminhos da imparcialidade e da independência.

De acordo com ele, CPI deixou a desejar no seu papel de investigar, faltando vontade e coragem para realizar seu trabalho. Omar Aziz (PSD-AM), presidente do colegiado, retrucou as falas do colega e afirmou que nenhum dos membros do grupo se acovardou. “A covardia não faz parte da direção dessa mesa”.

Em resposta, Girão afirmou que não sendo covardia, houve omissão por parte do inquérito. Ele destacou que apresentou 106 requerimentos à Comissão, sendo que 50 deles sequer foram analisados. “Houve engavetamento quando eu tentava investigar corrupção”, disse. O parlamentar criticou o que ele chamou de “inquirições agressivas”, desrespeito a profissionais de imprensa conservadores, citando Alexandre Garcia e o blog “Brasil Paralelo”, que segundo ele, foram citados de forma desrespeitosa.

Para Girão, médicos “sofreram o mais cruel dos ataques à sua autonomia” e cientistas estariam divididos em relação ao que ele denomina como “tratamento precoce”. “Esse quadro foi agravado pela posição insana de alguns políticos e da imprensa”. De acordo com o senador, não foram encontradas quaisquer evidências concretas sobre atos e omissões da administração pública federal no enfrentamento à pandemia de Covid.

“Consciência”

“Essa CPI não foi capaz de investigar esferas estaduais e municipais onde havia indícios de corrupção. A postura do presidente da República foi negativa e condenável. No entanto, não foi exclusiva do presidente da República. Na crise do Amazonas, podemos confirmar a ausência do Estado e falta de coordenação entre os governos”, apontou em seu voto.

“Continuo com a paz perante minha consciência e perante Jesus, apontando as verdadeiras causas que trouxeram tanta dor ao povo brasileiro”, disse ele ao solicitar à PGR investigações sobre crime de prevaricação por parte da Mesa Diretora da CPI. Ele defendeu, ainda, o indiciamento de Carlos Gabas e sua remoção imediata da direção do Consórcio Nordeste.

Veja a leitura do voto paralelo do senador Eduardo Girão (Podemos/CE):