Senador Tasso Jereissati (PSDB). Foto: Agência Senado.

Ainda em junho passado, comentando sobre a sucessão presidencial, apresentamos algumas razões pelas quais o senador Tasso Jereissati (PSDB) não seria candidato a presidente da República. E fizemos a análise, não como um exercício de futurologia, mas com argumentos. Do mesmo modo, ainda em julho pretérito, antes mesmo da abertura do prazo para inscrição de candidatos nas prévias do seu partido, escrevemos sobre Tasso fora das prévias do PSDB. E em outra oportunidade, no mês de agosto, dissemos, neste espaço, que Tasso faz oposição a Doria e por isso estava com o governador gaúcho Eduardo Leite.

Além disso, também em junho, comentamos declarações do senador cearense pelas quais ele admitia o PSDB apoiar um candidato a presidente fora do seu partido. Como todo e qualquer observador político atento, sabe o senador da falta de estrutura da sua agremiação, notadamente depois dos últimos insucessos eleitorais em disputa presidencial, para apresentar um nome competitivo capaz de explodir a polarização resultante das postulações de Lula e Bolsonaro.

A aposta de Tasso em Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, é a de ele ser um nome capaz de levar o partido a contribuir na formação da chamada terceira via, mesmo não sendo ele o candidato da aliança formada. Doria, escolhido candidato do PSDB, fecha as portas à qualquer negociação com outras agremiações com boa estrutura para fazer campanha.

Tasso, de há muito, tem demonstrado interesse na formação de uma aliança para apresentar uma candidatura alternativa aos nomes de direita e esquerda radicais. Em nenhuma das suas manifestações públicas deixou transparecer que um nome do PSDB seria o ideal para ser o candidato, provavelmente, talvez, por estar o governador de São Paulo, João Doria, determinado a ser o postulante à chefia da Nação. Tasso, mesmo dizendo respeitar o governador, não esconde que a ele faz oposição dentro do partido. Ademais, com Doria, apesar da máxima de que na política não há o impossível, não há como pensar em aliança para ele ser o candidato da oposição ao atual e ao ex-presidente.

Embora tenha repetido ontem (28) praticamente o que dissera em 2010, quando perdeu a vaga de senador, que ia cuidar dos netos, Tasso também disse que continuará lutando para conseguir, com outros, dar ao eleitorado brasileiro a oportunidade de ter alternativa de escolher um político do Centro, para ser o futuro presidente. É provável que vá além e seja candidato nas eleições do próximo ano, não obrigatoriamente ao Senado, mas à Câmara dos Deputados. Um outro importante líder político cearense, Virgílio Távora, mais de uma vez governador e senador, também teve mandato de deputado federal. Tasso tem ainda um bom tempo para tornar público o seu futuro político.

O senador tem até julho do próximo ano, quando acontecerão as convenções partidárias para homologação das candidaturas aos cargos proporcionais e majoritários, para decidir o que fará politicamente. Claro que se o seu candidato a presidente, naquele momento, demonstrar alguma perspectiva de vitória, ele buscará um novo mandato. E é bom que isso aconteça. O Ceará tem uma quadro qualificado de políticos muito diminuto. Tasso está nele incluído, e por isso deve continuar emprestando sua força e prestígio políticos na defesa dos interesses do Estado. Afirmação parecida fizemos quando Lúcio Alcântara deixou de postular mandato eletivo, após ter sido governador, senador, deputado federal e prefeito da Capital.

Sem um mandato fica muito reduzido o trabalho do líder político em favor do seu Estado. É importante que os cearenses estimulemos a todos quantos podem de fato contribuir para o engrandecimento do Ceará e da sua população a continuarem nos representando, sobretudo no cenário nacional. Sem eles, aventureiros poderão chegar lá, diminuindo a nossa representação e até nos causando constrangimentos.

Jornalista Edison Silva comenta sobre o futuro político de Tasso Jereissati cujo mandato de senador encerra-se no próximo ano: