“Não faço parte do Governo, nunca pisei no Ministério da Saúde, nunca advoguei para qualquer cliente que tivesse qualquer ligação com a área da saúde”, ressaltou Wassef. Foto: Reprodução

Frederick Wassef, advogado do presidente da República, Jair Bolsonaro, e de dois de seus filhos, Flávio e Renan, ficou indignado após a decisão da CPI da Pandemia de quebrar os seus sigilos fiscal e bancário.

O advogado alega que as justificativas apresentadas pela comissão para acessar seus dados sigilosos são mentirosas e que está sendo vítima de uma perseguição que tem por objetivo atingir seu cliente mais famoso e poderoso.

A quebra dos sigilos de Wassef foi uma decisão do relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), para quem o advogado pode ter recebido recursos da empresa Precisa Medicamentos na assinatura do contrato para a compra da vacina indiana Covaxin.

Em entrevista concedida ao vivo à TV ConJur na noite da última sexta-feira (20), Wassef negou qualquer ligação com a Precisa ou mesmo com o Ministério da Saúde, sendo, segundo ele, um despropósito a citação de seu nome em uma comissão que investiga possíveis irregularidades cometidas pelo Governo Federal durante a crise da COVID- 19.

“É uma atrocidade, uma aberração o que está acontecendo. Trata-se de uma ameaça à democracia, de uso indevido da máquina pública para perseguir e tentar incriminar via fraude alvos escolhidos a dedo para fins ideológicos e políticos. Estou sendo vítima de uma farsa, uma fraude, a CPI é uma grande fraude“, afirmou Wassef.

“Não sou investigado, nunca tinha ouvido falar de Precisa, nem de qualquer desses personagens investigados na CPI. Não faço parte do Governo, nunca pisei no Ministério da Saúde, nunca advoguei para qualquer cliente que tivesse qualquer ligação com a área da saúde”, ressaltou.

O advogado de Bolsonaro se disse particularmente indignado com Renan Calheiros. O motivo: o senador alagoano se queixa há anos de ser vítima de perseguição arbitrária pela autodenominada força-tarefa da “lava jato“, mas agora, segundo Wassef, usa contra ele os mesmos métodos.

“O que ele está fazendo é contra ele próprio, contra a classe dos senadores, a classe dos políticos, todos aqueles que sofreram ilegalidades com esse mesmo modus operandi, que é pegar informações financeiras e transformar aquilo em crime, e a pessoa que passe dez anos tentando provar que não cometeu crime. É uma inversão o que ocorre no Brasil. Isso me causa choque, tenho documento assinado pelo senador Renan em que ele afirma que há relação monetária entre eu e a Precisa, o que é uma mentira”, disse ele. Afirmou que : “Gostaria de conversar com o senador e saber de onde ele tirou essas coisas”.

Por falar em “lava jato”, Wassef diz que os métodos da CPI são ainda mais nocivos ao Estado democrático de Direito do que os do consórcio de Curitiba. “Eles (senadores da CPI) não estão iguais, estão piores. Na ‘lava jato’ se intimava as pessoas, se dava oportunidade para haver debate, para as pessoas se explicarem diante de juízes e procuradores. A CPI superou (a ‘lava jato’) em muito, e está aqui o meu caso como exemplo. Nunca vi isso em nenhuma investigação”, salientou.

Se os planos de Wassef derem certo, seu encontro com Renan Calheiros ocorrerá na própria CPI, pois o advogado de Bolsonaro afirma desejar ser ouvido pelos senadores que compõem a comissão. “Quero que me convoquem, quero ir lá mostrar a verdade, mas sei que eles não vão me convocar. Por isso estou peticionando à Justiça um pedido para ir à CPI, onde vou ter todo o tempo para limpar meu nome e minha imagem. Essas pessoas são assassinas de imagens de inocentes”, declarou Wassef, que garantiu não temer ouvir voz de prisão dos senadores durante seu depoimento, como ocorreu com alguns personagens que sentaram-se na cadeira localizada ao lado do presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-M). “Zero (medo). Vou lá só para falar a verdade. Não tenho postura de confronto, não estou atacando os senadores, estou apenas narrando a verdade, que sou vítima de fraudes e mentiras”.

Vale destacar que no último sábado (21), Wassef esteve envolvido numa confusão em um restaurante de Brasília-DF. Um homem tentou agredi-lo e o ameaçou com uma faca, que foi preso logo após o ocorrido. Segundo o agressor, Wassef estava tentando assediar sua mulher.

Com informações do ConJur