O diretor do Butantan alegou falta de matéria-prima para não ter cumprido a entrega de vacinas em setembro de 2020 e apontou burocracia do Governo para essa liberação. O calendário poderia ter sido cumprido em agosto, disse Dimas Covas. Foto: Reprodução/ Senado Federal

Nesta quinta-feira (27), Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan localizado na cidade de São Paulo- SP, presta depoimento à CPI da Pandemia, no Senado Federal. Ele foi convocado através de requerimento assinado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), aprovado em sessão ocorrida ontem (26).

O Instituto foi o primeiro centro a fornecer vacina anticovid à população brasileira, a CoronaVac. Sendo também o primeiro a divulgar o desenvolvimento da primeira vacina feita totalmente em solo brasileiro, a vacina ButanVac.

No início do depoimento, Dimas destacou a atuação histórica do Butantan em epidemias como a de meningite, nos anos 1970, e as recentes, H1N1, zika e dengue.

O presidente do Instituto destacou que houve um oferecimento de 60 milhões de doses da CoronaVac ao Governo Federal ainda em julho de 2020, mas o instituto não recebeu uma resposta efetiva. Segundo o pesquisador, em outubro de 2020, foi feita uma nova oferta de 100 milhões de doses.

Ele afirmou que em dezembro de 2020 o Butantan já possuía 5,5 milhões de doses da CoronaVac estocadas e 4 milhões em produção. Nessa mesma época, só haviam sido vacinadas 4 milhões de pessoas em todo o mundo.

Segundo Covas, o Ministério da Saúde (MS) é o único cliente da instituição e afirmou que acordo do Butantan com o MS, em outubro de 2020, incorporaria na ocasião 46 milhões de doses de vacinas ao Plano Nacional de Imunização (PNI). Mas a interferência do presidente Bolsonaro vetou o acordo.

O diretor do Butantan alegou falta de matéria-prima para não ter cumprido a entrega de vacinas em setembro de 2020 e apontou burocracia do Governo para essa liberação. ”O calendário poderia ter sido cumprido em agosto”, disse.

Ele reiterou que manifestações “pesadas” contra a CoronaVac nas redes sociais dificultaram a velocidade do estudo clínico além do Instituto, que é reconhecido internacionalmente, ter tido sua imagem prejudicada. Para Dimas também houve desinformação sobre a eficácia das vacinas, que não pode ser comparada. Ele disse que foi frustrante ouvir as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a CoronaVac e o consequente atraso nas negociações da aquisição do imunizante em outubro de 2020. Disse ainda que não houve nenhum apoio financeiro do Governo Federal no desenvolvimento da vacina.

Dimas Covas ressaltou que as vacinas são necessárias para o “mundo pobre”, que são os países em desenvolvimento. Segundo o diretor do Butantan, se esses países não tiverem vacinação, a pandemia não será controlada em lugar nenhum.

Com informações do Senado Federal