Debate entre candidatos a prefeito de Fortaleza. Foto: Reprodução/TV Otimista.

Candidato não é obrigado a responder o que se lhe pergunta, principalmente se a indagação é impertinente, vazia ou fora do contexto do ambiente do debate. Deve, sim, responder com a clarividência devida e sem tergiversação, tudo aquilo que diga respeito aos seus posicionamentos éticos, morais, e sobretudo, aquelas relacionadas ao seu projeto para o cargo em disputa, notadamente se este é o de prefeito, o principal da administração municipal de uma Capital, como a cearense, uma das mais importantes do País. A falta de compreensão de candidatos sobre a importância dos debates, é, sem dúvida, uma das razões pelas quais as estações de TV abrem pouquíssimos espaços para tanto.

A TV Otimista, no domingo (01), inaugurando sua programação, deu uma importante demonstração de respeito à Democracia brasileira, além de oferecer um destacado espaço aos candidatos à sucessão municipal em Fortaleza, não correspondido como deveria, para mostrarem que realmente estão preparados para gerir um Orçamento de R$ 9 bilhões, buscarem soluções para os vários problemas da cidade, e prepará-la para as necessidades futuras. A timidez dos principais concorrentes, a prioridade para questões ideológicas dada por dois dos postulantes, e o evidente despreparo dos outros, deslustraram e desrespeitaram o esforço da equipe, que esmeradamente preparou o encontro, e aos eleitores, e mais, desmereceram o nobre espaço concedido pela nova TV.

Outro espaço idêntico não terão. Portanto, chegarão ao dia 15 próximo, o da votação que encerra o primeiro turno da disputa para a Prefeitura, com a imagem registrada no debate de domingo (01), a mesma que os áulicos respectivos construíram, embora seja a de um vazio pleno. Os eleitores, em sua maioria, por certo chegarão às urnas sem a empolgação que esta festa cívica, o exercício de votar, sempre proporcionou, posto a vibração que cada campanha majoritária encerrava, tendo os comícios como espaços de debates e de compromissos, embora intercalados, antecedidos ou encerrados com artistas. Os candidatos, mesmo os desconhecidos, ao longo das campanhas estabeleciam a necessária empatia com o eleitorado.

Ainda bem que teremos um segundo turno da disputa, cuja votação acontecerá no último domingo deste mês de novembro. São apenas dois candidatos que continuarão em campanha. Poderão nem ser os dois melhores do grupo de 10 candidatos habilitados. Mas nesse interregno de 14 dias que separarão uma votação da outra, o eleitor terá mais informações sobre ambos e, conscientemente, poderá escolher o melhor. Os debates do segundo turno, por óbvio, serão mais esclarecedores pelo confronto a ser estabelecido. Mas, enquanto lá não chegarmos, convém aos candidatos aproveitarem melhor os espaços de propagação de suas ideias para motivar o eleitor a ir às urnas.

A pandemia do coronavírus e a flexibilização anunciada pela Justiça Eleitoral quanto à obrigação de votar, quando libera o eleitor de comparecer às urnas tendo sentido qualquer sintoma da infecção, nos catorze dias antecedentes da votação, reclama dos candidatos um discurso mais convincente para ele deixar sua casa e ir depositar o voto. Os idosos e os jovens, a maioria do eleitorado, ainda não estão merecendo a devida atenção dos candidatos. Estes, se optarem por não votar, por não se sentirem motivados, todos os candidatos perderão, principalmente aqueles que disputam vagas na Câmara Municipal. Ainda há tempo para os políticos mudarem. Menos falácia e mais inteligência.