Márcio Martins (PROS), correligionário de Maninho Palhano, mostrou áudio de gravação não autorizada de conversa. Foto: CMFor.

O candidato a vereador de Fortaleza pelo PROS, Maninho Palhano, voltou a ser pivô de discussão entre governistas e opositores na Câmara Municipal, durante sessão ordinária nesta quarta-feira (14). Isso porque foi apresentado na Casa um áudio com uma suposta negociação entre o ex-secretário da Prefeitura, Lúcio Bruno (PDT), e o postulante republicano.

Maninho Palhano, que teria gravado o áudio, ficou conhecido na política local por também ter disponibilizado gravação de uma conversa entre outra suposta negociação dele com o deputado estadual Bruno Gonçalves (PL), em que o parlamentar estaria oferecendo dinheiro para o candidato ajudar na reeleição da mãe, a vereadora Marta Gonçalves, também do PL.

O segundo áudio, que, inclusive, já era de conhecimento de alguns políticos de Fortaleza, foi mostrado no painel eletrônico da Câmara Municipal de Fortaleza, na manhã desta quarta-feira (14), pelo vereador Márcio Martins (PROS), correligionário de Palhano. Antes do material ser disponibilizado, o presidente da sessão, Gardel Rolim (PDT), solicitou verificação do conteúdo, o que foi visto por Martins como censura prévia.

No áudio, a voz, supostamente atribuída a Lúcio Bruno, fala sobre um eventual apoio de Palhano à gestão do prefeito Roberto Cláudio. Ele chega a falar sobre cargo, deixando claro que o contratante poderia bater o ponto e ir trabalhar em outras atividades, como por exemplo, na campanha eleitoral.

Após apresentar o áudio, com imagens de Lúcio, Palhano, Samuel Dias e do prefeito Roberto Cláudio, o vereador Márcio Martins disse que teria ficado indignado após ter passado o constrangimento de ter ficado 10 minutos aguardando avaliação da Mesa Diretora para passar o vídeo com as falas.

“Não tenho medo da oligarquia que manda nesse Estado e quer mandar na Câmara Municipal. Exibi denúncia contra o (ex-secretário do Turismo) Alexandre Pereira e vou exibir vídeo contra o Lúcio Bruno negociando cargos. Essa é a continuação do vídeo do Bruno Gonçalves. Nesse vídeo, o secretário diz claramente: ‘Maninho, você só precisa bater o ponto e vá para a rua pedir voto’. É claro que a Prefeitura de Fortaleza contrata funcionários fantasmas”, apontou.

A base governista partiu em defesa da gestão, bem como de Lúcio Bruno, que também é candidato a vereador de Fortaleza, e cotado como um dos postulantes que devem receber a maior quantidade de votos no pleito deste ano. A Mesa Diretora também se posicionou em defesa da Casa Legislativa, já que Márcio Martins levantou suspeição sobre os atos do colegiado.

“Se houvesse qualquer interferência político-partidária, não teríamos liberado”, disse Gardel Rolim (PDT), que presidia a sessão. Segundo ele, o zelo de ouvir o áudio antes de sua exibição foi no sentido de evitar que a Casa fosse atingida.

Adail Júnior (PDT), por sua vez, afirmou que não viu qualquer embasamento na denúncia feita por Márcio Martins. Ziêr Férrer (PDT) também defendeu Bruno, mas ressaltou que o candidato é seu adversário direto dentro do partido. Didi Mangueira (PDT) afirmou que há mais de um mês havia informações sobre esse áudio, e salientou estranhar que o conteúdo só tenha sido liberado agora, faltando praticamente um mês da eleição do dia 15 de novembro.

“A gente ia ouvindo nos corredores, nos bastidores, que iria soltar no momento certo. Aí vereador foi no local errado e inoportunamente apresentou o áudio. Porque o vereador fez desta tribuna um palanque de difamação para os adversários dele. Ele fez um discurso político-eleitoreiro. Isso é claro para mim”, apontou Didi.

O vereador Guilherme Sampaio, do PT, reclamou do que ele chamou de “censura prévia” quando houve impedimento de reprodução do áudio, já que o Regimento Interno da Casa permite.  Segundo ele, a suposta voz do candidato Lúcio Bruno não é de um autoridade constituída, já que ele ainda postula a vaga.

“Se esta suposta voz é, de fato, do candidato está havendo ali um abuso de poder econômico que desestabiliza a disputa eleitoral. Isso deve ser da conta da Câmara Municipal”, disse. Jorge Pinheiro (PSDB) defendeu que o áudio fosse encaminhado para o Ministério Público. “Não podemos aceitar isso calados, achando que é normal e fique por isso “, afirmou.

Ronivaldo Maia, do PT, questionou as intenções do candidato a vereador Maninho Palhano ao gravar e repassar esses áudios. Segundo ele, os movimentos do postulante do PROS são premeditados. “A pessoa que gravou está cumprindo um papel deplorável, utilizando desse expediente para se locupletar. Já governamos essa cidade e quem tem boca diz o que quer ou induz às pessoas a dizerem o que quer”.