Interesses particulares de partidos de esquerda dificultam aliança já no primeiro turno em Fortaleza

O presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) em Fortaleza, o vereador Guilherme Sampaio, é um entusiasta da aliança das esquerdas na Capital cearense, o que para ele levaria uma candidatura desse espectro político para o segundo turno das eleições deste ano.

No entanto, visando manter a sobrevivência partidária, e buscando maior representatividade no Legislativo, algumas dessas legendas não abrem mão de lançar seus candidatos a prefeito no pleito de novembro próximo.

Aliás, de todos os partidos de esquerda em Fortaleza somente o PCB não apresentou um nome para a pré-candidatura até o momento. Guilherme Sampaio, porém, espera que até o fim do processo de convenção partidária, 16 de setembro,  algumas agremiações levem em consideração a importância da unidade já no primeiro turno da campanha.

O dirigente lembrou que até o momento todas as lideranças partidárias desse espectro político têm sinalizado para a construção de candidaturas próprias, e, eventualmente, no segundo turno haverá possibilidade de diálogo.

“Eu tenho obrigação de ser guardião do partido e apresentar Luizianne Lins como nossa pré-candidata. Ela está legitimada a dialogar com o governador e estender ao conjunto de forças que a escolheram como candidata a prefeita”, disse ele, destacando que o PT, a priori, não tem interesse em abrir mão de sua postulação.

Guilherme Sampaio tem conversado com os partidos de esquerda, de forma preliminar. Segundo afirmou, as alianças ainda terão um mês pela frente para serem fechadas. No entanto, ele ressaltou que não há divergências políticas entre as agremiações, apenas de tática.

Alguns partidos pretendem apresentar nomes para a disputa majoritária visando fortalecer candidaturas para a Câmara Municipal, outros, por medo da cláusula de barreira em 2022, quando terão que eleger o máximo de deputados federais para evitar a perda de recursos oriundos do fundo partidário. “Não tem diferença ideológica, mas apenas do próprio processo eleitoral”.

Para o petista, até as convenções partidárias haverá possibilidade de construção de uma aliança de esquerda. Ele afirmou que tem dialogado, principalmente, com dirigentes do PSOL, PCdoB, PCB, PSB, PSTU e UP. “Esse conjunto da esquerda, tendo em vista a avaliação que tenho, é o que tenho chamado para reflexão. Se tivermos unidos, vamos representar o voto de esquerda em Fortaleza, e estaremos no segundo turno. Este é meu apelo junto a todos os dirigentes destes partidos”.

Das legendas citadas por Guilherme, somente o PCB não apresentou um nome à disputa. A tendência é que se coligue com o PSOL, aliado histórico da legenda no Ceará. A sigla socialista, por sua vez, já apresentou Renato Roseno como pré-candidato.

Nomes

O PSB sinaliza a candidatura de Élcio Batista a prefeito de Fortaleza, mas deve estar ao lado do nome escolhido pelo PDT, assim como o PCdoB, atualmente com Professor Anízio Melo tentando se consolidar como pré-candidato. UP e PSTU, siglas menores no Estado, também já apresentaram seus devidos nomes para a disputa.

A sigla pedetista continua em caminho oposto ao do Partido dos Trabalhadores na Capital cearense. O movimento feito até aqui tem sido no sentido de a base governista apresentar a candidatura, com o PDT na cabeça de chapa, e o PT apresentar Luizianne Lins.

Articulações

“A Luizianne foi escolhida como pré-candidata. Ela é quem está legitimada pelo partido para discutir possíveis articulações. Ela concedeu entrevistas se propondo a dialogar com o governador Camilo Santana, para evitar que Fortaleza esteja vulnerável ao projeto bolsonarista”, disse Sampaio.

Segundo o vereador, a deputada federal se colocou à disposição para dialogar com o governador, atualmente, segundo Guilherme, a maior liderança política do PT no Estado. “Fora disso, como presidente do partido, nossa posição é de apresentar Luizianne como nossa pré-candidata para as eleições deste ano”.