Pelo Twitter, Martinazzo Dallagnol criticou ministro Dias Toffoli que suspendeu buscas no gabinete de José Serra (PSDB-SP) no Senado. Foto: Agência Brasil.

O corregedor nacional do Ministério Público, Rinaldo Reis Lima, decidiu abrir procedimento para apurar as declarações de Deltan Dallagnol, procurador responsável pela ‘lava jato’ em Curitiba, sobre decisão recente do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli. A informação foi publicada pelo jornal Folha de S.Paulo.

Nesta terça-feira (21), o ministro Toffoli suspendeu a ordem de busca e apreensão no gabinete do senador José Serra determinada por juiz eleitoral de primeira instância. A liminar considera que a ordem de busca poderia levar à apreensão de documentos relacionados à atividade parlamentar de Serra.

Segundo o Ministério Público Federal, o senador teria recebido doações eleitorais não contabilizadas (caixa dois) de R$ 5 milhões na campanha de 2014.

No Twitter, Deltan classificou a decisão como “equivocada” e discorreu sobre o assunto em oito mensagens publicadas.

Na última delas, lembrou que as instituições são essenciais para a democracia, sendo a crítica de suas decisões “um instrumento para o aperfeiçoamento” das mesmas. “A liberdade de expressão crítica é alias um pilar da própria democracia”, disse.

As mensagens
No Twitter, Deltan relembrou que, em 2018, o STF limitou o foro privilegiado para crimes praticados no exercício e em razão da função parlamentar, o que significa que Serra não tem foro privilegiado para os crimes investigados pela Justiça eleitoral. A competência do STF, da mesma forma, seria inexistente no caso.

“O ambiente parlamentar, assim como qualquer outro ambiente, não pode funcionar como um bunker que permita a ocultação de crimes. Não há qualquer regra constitucional ou legal que ampare a ideia de um foro privilegiado de imóvel”, disse o procurador.

Deltan ainda destacou que provas de crimes eventualmente encontradas no gabinete de Serra e relacionadas à função podem ser remetidas ao STF, o que preservaria a jurisdição da corte. E que, se o Supremo se preocupa em impedir prejuízo à atividade parlamentar, bastaria mandar a Polícia entregar cópia do material apreendido ao Senado.

“Se a moda pega: o mesmo argumento de Toffoli poderia ser utilizado contra buscas e apreensões em quaisquer lugares, pelo risco de prejuízo à atividade empresarial, judicial, advocatícia, ministerial etc., dignas de igual proteção, o que inviabilizaria a apuração de crimes”, disse o procurador.

Fonte: site ConJur.