Ex-deputado Carlos Matos foi lançado como pré-candidato a prefeito de Fortaleza em maio de 2019. Foto: Ascom/ALECE.

A saída do suplente de vereador de Fortaleza, Pedro Matos (Pedro Victor Colares Gomes de Matos) do PSDB, para filiar-se ao PROS, no início deste mês, apesar da inexpressiva votação por ele obtida (5.765), no último pleito municipal na Capital cearense, foi um ataque significativo à pretensão do ex-deputado Carlos Matos, de ser candidato a prefeito de Fortaleza nas eleições deste ano. Pedro, é filho do suplente de deputado federal, o médico Raimundo Gomes de Matos, até aqui um dos mais fieis liderados do senador Tasso Jereissati, a figura primeira do PSDB cearense. O ato do jovem político sinaliza, interna e externamente, faltar musculatura ao correligionário Carlos, para representar o tucanato na disputa do cargo majoritário municipal.

Carlos Matos, dizem alguns aliados, precisa mostrar ao partido ter potencial eleitoral para representá-lo dignamente na disputa. Até agora não saiu do lugar, entendem esses seus companheiros, em razão de ter passado o período de filiações de candidatos ao legislativo municipal, aberto até o último dia 3 deste mês (abril), e o partido não ter recebido novas filiações que fortalecessem uma chapa proporcional, embora conte também hoje com o vereador Jorge Pinheiro (ex-DC). Ao contrário, por não indicar ser um nome competitivo, fez alguns tucanos se embandeirarem para a candidatura do Capitão Wagner, como no caso do deputado federal Roberto Pessoa, e da própria família Matos. Wagner, por sinal, é um dos nomes de prováveis candidatos a prefeito de Fortaleza, fora do radar do PSDB, embora tenham estado juntos nos dois últimos pleitos.

O PSDB/Fortaleza não apresentou candidato próprio na última eleição municipal na Capital cearense. O partido participou da disputa, em 2016, apoiando a candidatura do Capitão Wagner. Em 2012, com Marcos Cals, os tucanos conseguiram somar apenas 30.457 votos, representando 2,43% do total de votantes. Estes números, embora nenhuma das principais lideranças da agremiação explicite, muito amargamente ficaram gravados e não estimulam o partido a ingressar em nova empreitada, sem a perspectiva de alcançar melhor posição na disputa, mesmo sabendo da força das três prováveis candidaturas realmente competitivas, no caso a dos governistas, a do Capitão Wagner e a da Luizianne Lins. É preferível, no sentir de alguns tucanos, aliar-se a um nome com reais perspectivas e compromissado com o futuro da cidade, do que experimentar uma nova aventura.

Sem candidato próprio, o PSDB tem pouco espaço para definir a quem apoiar na eleição de Fortaleza. Se o nome do Capitão Wagner é o preferido do deputado federal Roberto Pessoa e do ex-deputado Raimundo Gomes de Matos, não é, porém, do agrado das principais lideranças tucanos cearenses, tanto por conta da sua ligação com o esquema do presidente Bolsonaro, como pelos resquícios da última eleição estadual, quando juntos defenderam a candidatura a governador do general Theophilo, mas em lados opostos na disputa presidencial. Aliar-se à postulação de Luizianne Lins, nem pensar. O PT ainda é o principal adversário dos tucanos no Brasil. E se o partido afastar a candidatura de Carlos Matos, por entender inviável, não há razão para apoiar um outro nome fora dos três competitivos.

O nome do candidato do grupo governista, se houver eleição neste ano, só sairá em julho, mesmo mês que o PSDB deve definir sua posição, não sendo surpresa se ele resolver apoiar o candidato governista, se o nome, óbvio, atender as qualidades exigidas pela agremiação. O DEM, forte aliado do PSDB, pelas manifestações do seu presidente no Ceará, o empresário Chiquinho Feitosa, não tem dificuldade em acertar apoio ao candidato governista, independente do caminho a ser seguido pelo tucanato.

Sobre a situação pré-eleitoral do PSDB em Fortaleza, veja o comentário do jornalista Edison Silva: