Momento da celebração do acordo, na sede do Ministério Público do Estado do Ceará, que acabou com o amotinamento de policiais à noite do último domingo (01). Foto: MPCE.

Nenhum Governo deve ser autoritário, mas precisa ter autoridade para se fazer respeitar, e ter a consideração do seu povo. O governador Camilo Santana não poderia ter agido diferente em todo o processo que acabou com o amotinamento de uns poucos policiais cearenses, encerrado no último domingo (01/03), para alívio da população do Estado. Embora todos tenham perdido com essa postura insana de alguns fardados, ao longo das duas últimas semanas, foram os policiais insurretos e seus líderes os maiores perdedores. É uma “vitória de pirro” ter a garantia de não serem transferidos de Fortaleza para o Interior, nos próximos seis meses, tempo suficiente para a conclusão de processos administrativos, que lhes podem condenar à expulsão da Polícia.

Uma parte da minoria dos amotinados já havia chegado à exaustão ao fim da primeira semana do movimento. A continuidade da permanência de homens das Forças Armadas e da Força Nacional, colaborando no patrulhamento da Capital, e em outras cidades, aliado à repulsa de autoridades nacionais e de detentores de mandatos com patentes militares de outros estados, ampliou o desespero e o temor das punições, pois estavam todos conscientes da decisão do governador de não ceder em relação às duas reivindicações mais caras, no caso a anistia e um novo índice de aumento dos seus soldos. Aliás, quanto à questão pecuniária, quase nada poderá fazer a Assembleia, em razão das limitações constitucionais.

Todos precisam tirar lições desse triste episódio, a partir do Governo do Estado na escolha dos comandantes das corporações. Os comandantes e os secretários das pastas às quais estão vinculados os servidores da segurança, não podem apenas estar preocupados em agradar o Chefe do Executivo. Antes de propriamente comandar, eles precisam ser líderes das tropas, inclusive para defenderem as reivindicações dos comandados, evitando, como acontece agora, que os políticos assumam a intermediação entre policiais e governantes, gerando consequências como as experimentadas nos últimos dias. A força não é tudo para bem comandar uma tropa, como provado ficou.

Este é o momento de os comandantes e os secretários da área da segurança estadual avaliarem suas ações. Os políticos, até agora conhecidos como líderes dos policiais, foram desautorizados. Estão mergulhados e poderão assim permanecer para o bem da própria administração. O último foi o Cabo Sabino, ex-deputado federal, vencido numa plenária dos amotinados domingo à noite. Aliás, estranhamente, o deputado estadual Soldado Noelio e o vereador Sargento Reginauro, que haviam assinado o acordo dos policiais com o governador, posteriormente rejeitado por alguns, estavam nesta segunda-feira (02) assinando a rendição dos amotinados, muitos destes na iminência de serem expulsos da Corporação, posto já estarem sendo processados administrativamente.