Carlos Felipe foi o primeiro deputado governista a protestar contra a decisão do governador Camilo Santana de aderir ao projeto do Governo Federal das escolas cívico-militares. Foto: ALECE.

O deputado Carlos Felipe (PCdoB), aliado do governador Camilo Santana, foi o primeiro orador na sessão desta quarta-feira (2) da Assembleia Legislativa, a criticar a decisão do governador do Estado em aderir ao projeto do Governo Federal das escolas cívico-militares, cuja atitude, na sessão anterior de terça-feira, no mesmo plenário da Assembleia, foi destacada pela deputada Dra. Silvana Oliveira (PL). Depois de Felipe, foi Renato Roseno (PSOL) quem protestou lembrando que o Ceará foi o único do Nordeste a aderir ao projeto do Governo Bolsonaro.

Roseno chamou de contraditória essa adesão em um momento que o Ceará ganha destaque no ensino médio do País. “Esta semana o governador Camilo Santana destacou, e foi mostrado em mídia nacional, que 55 das 100 melhores escolas públicas de ensino médio são do Ceará. E agora adere a um projeto que acaba por minimizar todo o trabalho dos professores e tenta elevar o militarismo”, disse.

“Esses indicadores mostram que os professores estão se esforçando e garantindo ótimos resultados. É preciso valorizar isso. Esse programa é um erro e foi feito por quem não entende de educação pública. Agora vão usar isso para mitificar que a escola só tem qualidade se for gerida por militares”, acrescentou. O deputado afirmou que a lógica é que se invista em técnicas modernas de ensino, classificando o projeto do MEC como retrógrado.

Sem resposta

Renato afirmou ter tentado conseguir, sem êxito, a informação sobre de quem partiu a decisão no Governo estadual de aderir ao programa federal. “O Governador deveria ter ouvido pelo menos o Conselho Estadual de Educação para saber o parecer deles quanto a isso. Era preciso ter negado esse projeto que até a justificativa é algo totalmente sem sentido. Não se pode querer colocar o Ministério da Defesa para cuidar da educação”, criticou. Para o deputado, o Governo do Estado deveria ter debatido o assunto com instituições e especialistas antes de ter tomada a decisão.

Ele afirmou ainda que o projeto, por ser piloto, pode gerar uma visão equivocada sobre seus resultados, visto que as escolas inseridas nele receberão verbas diferenciadas das demais, o que facilitaria que conseguissem melhores índices nas avaliações da qualidade de ensino. “O ideal seria que fosse investido 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação para garantir um ensino eficaz e eficiente. Essa discussão é muito mais ampla”, concluiu.