Movimentação do plenário da Assembleia Legislativa do Ceará durante a sessão desta quinta-feira (19). Foto: Blog do Edison Silva.

Após muita discussão no Plenário, os deputados estaduais aprovaram a inclusão da Parada da Diversidade Sexual no Calendário Oficial de Eventos do estado, em projeto de lei do deputado Elmano Freitas (PT). A bancada religiosa da Casa, em especial as lideranças evangélicas, mostraram-se contra a inclusão, levando dezenas de pastores para acompanhar a sessão, mas acabaram derrotados por 18 votos a favor e 12 contrários.

Segunda tentativa

No último dia 29 de agosto, a matéria chegou a ser discutida, mas não foi votada pelo baixo quórum na Casa. Desta vez, com as discussões já tendo sido feitas anteriormente, os parlamentares utilizaram-se dos tempos de encaminhamento de voto por partido para opinarem sobre a questão. Os pastores Apóstolo Luiz Henrique (PP) e David Durand (Republicamos) trouxeram imagens que mostravam, segundo eles, de participantes da Parada Gay denegrindo imagens religiosas. O principal argumento para se opor à inclusão do evento, que já ocorre há diversos anos, no calendário oficial, é exatamente de haver desrespeito aos templos e imagens religiosas.

Dra. Silvana (PL) cobrou dos organizadores da parada um posicionamento contrário aos atos denunciados pelos colegas evangélicos. Para ela, não há nada contra o evento em si, que já existe e continuará existindo, mas o que se quer é mandar um recado que não se aprova o achincalhamento de símbolos religiosos. Ela afirmou ainda não ter aceitado qualquer tipo de negociação, na tentativa de alinhar a aprovação da Parada da Diversidade Sexual com a aprovação do título de cidadania à ministra Damares.

Elmano Freitas disse que ficou surpreso com a polêmica criada sobre o assunto. Foto: ALECE

Autor do projeto de lei, Elmano Freitas (PT) ,ressaltou que a parada recebe cerca de 1 milhão de pessoas anualmente, havendo alguns excessos de uma minoria, não representando o montante dos que se reúnem em busca de respeito. Elmano citou ainda o Carnaval, festa popular brasileira que também apresenta excessos de alguns, mas que não se questiona sua importância na cultura nacional. Exaltado durante o pronunciamento, Elmano afirmou que mente quem fala que há depredação durante o evento, pois este ocorre na Av. Beira-Mar, onde não há templos evangélicos, somente uma igreja católica que, segundo ele, nunca foi vítima de vandalismo.

Em conversa com o Blog do Edison Silva, Elmano se disse surpreso com a polêmica criada em torno do assunto, visto que a parada já ocorre há muitos anos. Ele lembrou que também na Igreja há pastores que cometem erros, mas nem por isso toda a instituição mereça ser responsabilizada. “Tem gente mais interessada em fazer populismo eleitoral, utilizando-se de má fé com a grande fé que o nosso povo tem, para fazer campanha eleitoral”, afirmou.

Tentativa de acordo

Deputado Apóstolo Luiz Henrique trouxe fotos de participantes da parada. Foto: Blog do Edison Silva.

O deputado Vitor Valim (Pros) propôs que fosse feita um acordo, unindo o projeto do petista Elmano ao da deputada Silvana, que condena desrespeito aos símbolos religiosos em eventos. Salmito (PDT), por sua vez, aprofundou-se na tentativa de acordo e propôs que Elmano retirasse o projeto de votação, para que ele fosse apresentado posteriormente já com o texto condenando o desrespeito citado.

Não havendo acordo, o presidente da Assembleia, José Sarto (PDT) encerrou a votação, que já durava mais de 1 hora. Salmito afirmou-se obstruído e não registrou voto.

Votaram a favor do projeto de lei:
– Fernando Santana
– Danniel Oliveira
– Evandro Leitão
– Romeu Aldigueri
– Acrísio Sena
– Augusta Brito
– Dr. Carlos Felipe
– Elmano Freitas
– Guilherme Landim
– Jeová Mota
– Júlio César Filho
– Marcos Sobreira
– Moisés Braz
– Nezinho Farias
– Nizo Costa
– Oriel Nunes Filho
– Renato Roseno
– Tony Brito

Votaram contra o projeto de lei:
– André Fernandes
– Ap. Luiz Henrique
– Audic Mota
– Davi de Raimundão
– David Durand
– Dra. Silvana
– Gordim Araújo
– Lucílvio Girão
– Manoel Duca
– Nelinho
– Vitor Valim
– Walter Cavalcante

Mesmo presente ao plenário, o deputado Sérgio Aguiar (PDT) não registrou voto. Antônio Granja (PDT) absteve-se. Apesar de terem dado presença anteriormente, não estiveram no plenário durante a votação os deputados Edilardo Eufrásio, Érika Amorim, Fernanda Pessoa, Fernando Hugo e Queiroz Filho.