Todas as principais lideranças políticas do Estado já estão cuidando, parcimoniosamente, das eleições municipais do próximo ano. Publicamente, por razões óbvias, elas evitam tratar do assunto, e alegam até que ainda falta muito tempo para as tomadas de decisões sobre alianças e candidaturas, embora, daqui a menos de um ano, no início de abril, todos os prováveis candidatados terão que estar com filiações partidárias definidas. O governador Camilo Santana, através de auxiliares, recomenda filiações ao PSB.

Esta agremiação, que já foi abrigo do grupo político liderado pelos irmãos Ciro e Cid Gomes, será o apoio do PDT para abrigar dissidentes, nos vários municípios do Estado, quando, como sempre acontece nos anos de eleição, a luta por garantia de legenda motiva a corrida de filiações. O PSB, ideologicamente diferente do PP e PSD, duas outras siglas que albergam liderados dos irmãos Ferreira Gomes, pode substituir o PT no projeto dos cearenses na disputa do próximo ano, além de abrir portas para negociações nacionais.

Na eleição do ano passado, faltou pouco para o PSB fechar uma aliança em torno da candidatura presidencial de Ciro Gomes. Ela foi inviabilizada pelo sacrifício que o PT impôs a uma sua filiada que tinha chances de ganhar o Governo de Pernambuco, concorrendo com o governador reeleito, Paulo Câmara. Enfim, o PSB poderá ser a terceira força política a compor o arco de sustentação dos candidatos do grupo governista cearense, de portas abertas para receber filiações de petistas ligados ao governador Camilo Santana.

Pessoalmente, Camilo não tem influenciado nenhum político a mudar de partido, dizem alguns dos que já trataram com ele sobre disputa municipal, mas tem sido direto ao assunto candidaturas, como fez recentemente ao receber políticos de Juazeiro do Norte, cujo prefeito, quando buscava votos para eleger o filho Pedro, para a Câmara dos Deputados, teria dito a Camilo que não disputaria a reeleição, conseguindo, com isso, facilitar as alianças para o sucesso eleitoral do seu herdeiro.

Em relação aos demais municípios da Região do Cariri, a conversa tem sido na mesma direção, de forma que, as lideranças municipais estão assumindo o compromisso de ouvi-lo no momento das decisões de candidaturas e de alianças. Paralelamente, trabalham o fortalecimento de seus partidos e consequentemente o do grupo governista, os dirigentes do PP e do PSD, todos, porém, respeitando o espaço territorial da Capital cearense, cujo comando é do prefeito Roberto Cláudio.

Roberto, como aqui já tratamos, tem praticamente acertada a aliança que apoiará o seu candidato à sucessão em Fortaleza, que inclui todas as agremiações atualmente integrando o grupo governista. O consenso entre o prefeito, o governador e os irmãos Ciro e Cid Gomes, é que só no início do próximo ano ele aponte o candidato que disputará sucedê-lo, posto sua disposição de até lá contratar uma série de pesquisas e consultas, incluindo novas figuras públicas, não necessariamente detentores de mandatos.

A oposição tem menos espaços para trabalhar, limitando-se praticamente a Fortaleza e outros poucos municípios no Interior, onde o PSDB pode ter algum resultado favorável. O deputado federal Capitão Wagner (PROS), por certo o principal adversário do candidato do prefeito Roberto Cláudio, ainda não tem assegurado sua aliança partidária, mas são boas as suas perspectivas de ter ao seu lado o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, tanto por ser, individualmente, o postulante com melhores condições competitivas, como por representar o verdadeiro adversário do grupo liderado por Ciro e Cid Gomes. Se Bolsonaro estiver bem avaliado na época da eleição municipal será um bom aliado.

Bolsonaro, indiscutivelmente, tem interesse em ter um candidato concorrente ao esquema governista estadual. E se apoio tem consequências favoráveis ao seu Governo no Congresso Nacional, com o  aval do próprio deputado federal de Wagner, e de mais dois outros deputados federais: Roberto Pessoa e Moses Rodrigues, além do senador Eduardo Girão, mais fácil ele acontecerá ainda, qualquer que seja a posição do PSL local.

Acompanhe o comentário do jornalista Edison Silva.