Alguns indicadores tem apontado uma mudança de cenário na economia do país. Nesta quinta-feira (17) foram divulgados o Indicador de Confiança do Consumidor e o Intenção de Consumo das Famílias (ICF), os quais revelam que a população já consegue reverter o, ainda tímido sentimento positivo, na gradual retomada do consumo.

Consumo

Medida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Intenção de Consumo das Famílias, cresceu 5,1% de dezembro de 2018 para janeiro deste ano. Na comparação com janeiro do ano passado, o avanço foi 14,7%.

Com a alta, o indicador chegou a 95,9 pontos, em uma escala de zero a 200 pontos. A pontuação, ainda abaixo de 100 pontos, demonstra uma insatisfação dos consumidores.

Na comparação com dezembro, os sete componentes do ICF tiveram alta, sendo a maior delas na avaliação dos consumidores sobre se eles consideram que momento é bom para a compra de bens duráveis (11%). Também tiveram crescimentos importantes os quesitos perspectiva de consumo (5,8%) e perspectiva profissional (5%).

Na comparação com janeiro de 2017, também foram registrados aumentos nos sete componentes, com destaques para o nível de consumo atual (24,6%), a perspectiva de consumo (20,5%) e momento para duráveis (15,9%).

Confiança

O Indicador de Confiança do Consumidor aumentou 12% em dezembro de 2018 em relação ao mesmo período do ano anterior, ao alcançar 45,8 pontos. Em dezembro de 2017, o índice estava em 40,9 pontos, de acordo com dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Mesmo com a elevação, a taxa mostra que a maioria dos consumidores ainda está pessimista, já que a escala do indicador varia de zero a 100, sendo que resultados acima de 50 pontos mostram uma percepção mais otimista.

Quando avaliado o cenário econômico atual e da própria vida financeira dos consumidores, sete em cada dez brasileiros (72%) enxergam o momento da economia de forma negativa. As principais razões apontadas são desemprego elevado (63%), aumento dos preços (59%), alta na taxa de juros (38%), desvalorização do real frente ao dólar (25%) e menor poder de compra do consumidor (22%). Para 25%, o quadro econômico é regular e apenas 2% consideram bom.

Quanto à vida financeira, 40% dos brasileiros avaliam sua situação como negativa, enquanto 47% classificam como regular e somente 12% como boa. Para quem compartilha da visão negativa, o alto custo de vida é a razão mais citada, por mais da metade (55%) desses entrevistados. O desemprego aparece segundo lugar (40%), ao passo que 24% culpam a queda da renda familiar.

“Mesmo diante de uma situação em que a maior parte dos consumidores avalia como ruim, as boas expectativas se mantêm para o futuro. Mas, para que a retomada da confiança se consolide, será preciso que o consumidor sinta alguma melhora no momento atual, com o aumento da oferta de vagas de emprego e o avanço da sua renda”, disse a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. Segundo ela, o achatamento da renda e o alto índice de desemprego continuam impactando o bolso do consumidor, fazendo com que a avaliação do momento atual seja negativa.

Futuro

Para 34% dos brasileiros, a economia para os próximos meses deve melhorar, mas 43% não sabem explicar por que pensam isso. Para 40%, o clima de otimismo está ligado ao fato de o cenário político se mostrar mais favorável, 12% atribuem à percepção de queda do desemprego e 11% por enxergarem uma estabilização nos preços.

Enquanto isso, outros 34% se mantêm neutros e não afirmam que as condições estarão melhores ou piores daqui seis meses. Já 27% disseram estar pessimistas, devido aos escândalos de corrupção (46%), o receio de que a inflação saia do controle (42%) e o desemprego (37%) como fatores que mais pesam.

Quando questionados sobre o que esperam para os próximos seis meses em relação às suas finanças, seis em cada dez brasileiros (61%) acham que sua vida financeira vai melhorar, contra apenas 9% que acreditam em uma piora. Há ainda 25% de entrevistados neutros.

Desemprego

A pesquisa mostrou que quatro em cada dez consumidores (41%) afirmaram ter ao menos um desempregado em sua residência. Além disso, 66% dos brasileiros que trabalham temem, em algum grau, serem demitidos, ante 34% que disseram não ter esse risco.

O custo de vida é o que tem pesado mais na vida financeira familiar para 51% dos entrevistados. Em seguida aparece falta de emprego (18%), endividamento (14%) e queda dos rendimentos (10%). O aumento da conta de luz foi o serviço mais mencionado por 89% dos entrevistados. Outros 88% citaram a alta nos produtos comprados em supermercados, enquanto 80% destacaram o valor dos combustíveis e 75% os artigos de vestuário.

Fonte: Agência Brasil.

Fotos: Marcello Casal Jr./Agência Brasil.