Em fevereiro de 2018, enquanto líder do Governo Camilo, o deputado Evandro Leitão se colocou contra a instalação da “CPI do Narcotráfico”. Foto: ALCE

Desde março deste ano que o deputado Cláudio Pinho (PDT) tenta, sem sucesso, uma cópia de um vídeo da sessão plenária do dia 15 de fevereiro de 2018. Em justificativa, o parlamentar afirma que na ocasião, o então líder do Governo Camilo Santana e hoje presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão (PT), teria se posicionado contra a instalação da “CPI do Narcotráfico”, o que na opinião do pedetista pode ter contribuído para a situação de violência em que o Estado se encontra.

O objetivo dos deputados de oposição, aparentemente, é político-eleitoral, visto que Evandro é pré-candidato a prefeito de Fortaleza. Nas últimas semanas tem sido divulgada informação de que Leitão teria usado como justificativa a segurança da família para se posicionar contra a instalação da CPI do Narcotráfico.

“Eu tenho três filhos para criar, eu tenho um neto, eu não ando com segurança 24 horas do meu lado. Querer jogar a população contra essa Casa não é justo, se quer fazer uma CPI, quem desejar pôr seu nome nessa comissão, que assim o faça”, disse Evandro Leitão à época.

O pedido de CPI do Narcotráfico foi feito pela então deputada Rachel Marques, que também é do PT, em 2015. Junto com esse, outros dois também foram feitos: um para investigar o Seguro DPVAT (que foi instalado) e outro para investigar, mais uma vez, a exploração sexual de crianças no Ceará. O objetivo de tais inqueritos, segundo a oposição da época, foi barrar a “CPI do Acquário”, que queria fiscalizar os recursos destinados para a instalação do “Acquário Ceará”, que agora é um equipamento destinado para a UFC.

Segundo Cláudio Pinho, ele fez a solicitação das imagens da sessão do dia 15 de fevereiro de 2018 ainda em março deste ano e até o momento não obteve resposta da Casa Legislativa. “Essa sessão falava da CPI do Narcotráfico e hoje estamos enfrentando essa problemática, porque naquela época a Assembleia não tomou as providências. O líder do Governo na época, o deputado Evandro Leitão, se posicionou contrário a essa matéria”, disse.

Conforme Pinho, o resultado de não ter se investigado o narcotráfico no Ceará se dá agora, com uma crescente das chamadas facções criminosas. Ele lembrou que os deputados do Rio de Janeiro fizeram essa discussão e por lá descobriu-se o envolvimento de políticos, membros da Polícia, bicheiros e outros agentes públicos. “Isso só foi possível porque se instalou uma CPI. Queria pedir à Casa e aos demais colegas que possamos conseguir o quanto antes essas imagens para termos em mãos, para fazermos uma melhor análise”, pontuou.

Em resposta a Pinho, o deputado Tomaz Holanda (Avante) explicou que a CPI não teria sido criada pois se tratava de uma discussão de prerrogativa do Congresso Nacional e não da Assembleia Legislativa. “Não tinha sentido criar essa CPI naquela época”,  justificou o governista.

Transparência

Lucinildo Frota (PDT) defendeu mais transparência da Casa, afirmando ele que vários projetos estão sendo aprovados para tratar da Segurança Pública, mas caso a CPI tivesse sido instalada daria uma maior contribuição para  a área. Antônio Henrique (PDT) também frisou a necessidade de a Assembleia ser mais transparente com os deputados e os cidadãos, e cobrou a entrega das imagens para o colega pedetista.

“O Rio de Janeiro instalou a CPI, então não vejo motivo de a Assembleia do Ceará não ter instalado, mesmo com a justificativa do Tomaz, que tentou explicar o porquê de ela não ter sido instalada”, disse Henrique. O deputado Queiroz Filho (PDT) corroborou com seus pares. “Desde março que o Cláudio Pinho fez essa solicitação de imagens da sessão. É um direito dele e de todos nós termos acesso a essas informações. Acho importante a Assembleia fornecer essas imagens”.