A Câmara Municipal de Fortaleza realizou na tarde desta quinta-feira (14), no auditório Ademar Arruda, uma audiência pública para debater junto a comunidade e sociedade civil organizada a alteração do nome da Praça da Gentilândia, localizada no bairro Benfica, por Praça Rosa da Fonseca. Iniciativa é da vereadora Adriana Gerônimo (Psol), por meio do projeto de decreto legislativo nº 59/2022.

Segundo a propositora da audiência, vereadora Adriana Gerônimo, existe uma confusão sobre o nome denominado nas praças da localidade. Segundo ela, desde a década de 60 o Benfica era denominado de Gentilândia e por isso a praça tem o nome de João Gentil, a mais próxima da reitoria, e a outra de Gentilândia.

“A Praça da Gentilândia nunca recebeu uma denominação oficial pela Prefeitura e pela Câmara Municipal de Fortaleza, mas culturalmente é conhecida como Praça da Gentilândia. Hoje a gente vai bater o martelo de qual das duas a população quer de fato que seja a alteração do nome e a gente está aqui como porta-voz da população. Saiu uma pesquisa agora no mês passado que dos 37 equipamentos públicos no estado do Ceará, só três tem nome de mulher. Então já chega de ter sempre homens ocupando os esquadros de poder de decisão sendo homenageados depois da sua morte, a gente precisa também tornar mais feminista, mais mulher esses equipamentos públicos da cidade”, destacou Adriana.

A vereadora Anna Karina (PSOL) destacou a figura da Rosa da Fonseca como ícone de representação da cidade e principalmente para as mulheres. “A Rosa foi uma lutadora, uma professora que viveu anos muito difíceis aqui no Ceará. Então, para nós, a Rosa significa luta, resistência. Ela é uma referência para todos nós. Colocar o nome de Rosa da Fonseca é ressignificar um lugar que a gente sabe que se encontra a juventude, de onde parte muitas lutas”, frisou a parlamentar.

Professora de Rosa da Fonseca, a ex-prefeita de Fortaleza, Maria Luiza Fontenelle, em meio as lembranças da ex-aluna e amiga, falou de sua trajetória que tem grande significado na luta das mulheres. “Ela era sem dúvida a aluna mais inquieta e a aluna mais decidida e mais subversiva que conheci. Ela foi sempre uma referência muito grande para mim e eu dizia como eu vou deixar de enfrentar uma luta dessa se a Rosa que foi torturada, presa, está na linha de frente? Então foi mais um elemento importante na nossa relação”, evidenciou a ex-prefeita.

Presente ao evento, Iraci Silva, membro do Movimento Crítica Radical, ressaltou a importância da Rosa da Fonseca para o espaço que está sendo pleiteado mudança de nome. “A Rosa e o Movimento Crítica Radical é sediada ali naquele espaço junto com os universitários e com aquela população. A Praça da Gentilândia faz parte desse frevo e dessa luta nossa e da cidade. Então, é mais que justo uma praça daquela que acolhe tantas pessoas e que acolheu o Movimento Crítica Radical por tantos anos merecer o nome de Rosa da Fonseca” atentou Iraci.

Sobre Rosa da Fonseca

Natural de Quixadá, município do interior do Ceará, Rosa Maria Ferreira da Fonseca Nascimento, nasceu no dia 24 de abril de 1949. Foi estudante de ciências sociais da Universidade Federal do Ceará (UFC) e militante do movimento estudantil na época do regime militar, sendo inclusive presa política e vítima de tortura antes de fundar, em 1973, o grupo Crítica Radical. Após ser presa, ela não pôde continuar a graduação.

Ao lado de Jorge Paiva, Célia Zanetti, Maria Luiza Fontenele e outros militantes, Rosa contribuiu para a ação e reorganização dos movimentos sociais nos últimos trinta anos de história política no Brasil. Foi eleita vereadora de Fortaleza pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), em 1992, sendo a segunda mais votada no pleito municipal.

Rosa também foi professora da rede municipal de Fortaleza, sindicalista e presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Ceará. Além de apoiadora de destaque na administração da companheira Maria Luiza Fontenele na Prefeitura de Fortaleza. Rosa faleceu em 01 de junho de 2022 vítima de câncer de ovário.

Da Assessoria da Câmara Municipal de Fortaleza