Camile no plenário da Assembleia, cumprimenta os deputados Alcides Fernandes e Carmelo Neto. Foto: Blog do Edison Silva

Os deputados da Assembleia Legislativa aprovaram, com 29 votos favoráveis, dois contrários e uma abstenção o nome de Kamile Moreira Castro, por indicação do Poder Executivo, para o cargo de conselheira do Conselho Diretor da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Ceará (Arce). Parlamentares do Partido Liberal (PL), porém, criticaram a indicação feita pelo governador Elmano de Freitas e levantaram suspeição sobre o ato do chefe do Poder Executivo.

Isso se deu porque Kamile Castro é ex-juíza do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Ceará e foi um dos votos favoráveis à cassação da chapa de deputados estaduais do PL por irregularidades no processo de cota de gênero, durante o pleito de 2022. Com isso, o pleno da Corte decidiu, também, pela cassação daqueles parlamentares eleitos pela sigla liberal, o que inclui os deputados Carmelo Neto, Pastor Alcides Fernandes, Marta Gonçalves e Dra. Silvana.

Pastor Alcides foi o primeiro a se posicionar contra a indicação de Kamile, afirmando que a agora conselheira não levou em consideração o fato de duas mulheres, que estão entre as mais votadas das eleições de 2022, terem sido prejudicadas pelo seu voto quando magistrada da corte eleitoral. Apesar da decisão do TRE, o caso está sendo avaliado pelo Tribunal Superior Eleitoral, o TSE.

O deputado Carmelo Neto, presidente do PL do Ceará, também se posicionou e disse achar estranho que Kamile Castro seja indicada pelo governador Elmano de Freitas logo após ter sido autora do voto divergente que deu causa a cassação dos mandatos de parlamentares (Marta Gonçalves, Silvana Oliveira, Alcides Fernandes e Carmelo Neto) que fazem oposição ao Governo do Estado.

“É muito estranho que, após ter cassado o mandato de quatro deputados do PL, que dará a vaga a quatro deputados aliados do Governo do PT, essa pessoa ser indicada a uma vaga na Agência Reguladora do Estado. Não tenho nada contra a doutora Kamile, mas votei contra essa indicação. Tenho uma estranheza no meu coração, porque logo após cassar quatro deputados de oposição, o governador indique essa mesma juíza a uma agência reguladora”, lamentou.

TRE

Deputados da base governista partiram em defesa da indicação de Kamile. De Assis Diniz (PT) disse não ser razoável as acusações feitas por Carmelo, afirmando que elas “beiram a responsabilidade”. Segundo ele, o PL não cumpriu regras legais e não há qualquer questão política na decisão do TRE.

Para Stuart Castro, que se disse ser primo de Kamile, Carmelo Neto tenta influenciar a opinião pública com uma questão que não é política. Já Marcos Sobreira (PDT) afirmou que o opositor “joga ilações” em um tema que não poderia ser politizado. “A doutora Kamile foi reconduzida ao cargo no Tribunal Regional pelo então presidente Jair Bolsonaro. E o foi por competência, pelo talento dela. A gente não pode jogar ilações sobre isso”.

Confira trecho da fala do deputado Carmelo Neto: