Bombeiros trabalham pra tentar debelar o incêndio no Parque do Cocó. Foto: Divulgação

Foi preciso (mais) um incêndio de grandes proporções atingir a área do Parque do Cocó para que muitos políticos cearenses passassem a se importar com o meio ambiente, buscando eventuais soluções para o problema e apontando possíveis culpados para o descaso com a área. Poucos são aqueles que, de fato, têm preocupação com a questão ambiental e, sim, estudam o caso há algum tempo e trabalham para minorar os estragos que há anos vem afetando o maior parque urbano do Nordeste.

A oposição, principalmente, a bolsonarista apontou o dedo para o Governo do Estado, em especial, acusando as gestões do Partido dos Trabalhadores (PT), que está no comando da gestão há uma década, de não ter se importado com a causa ambiental, em especial a defesa da biodiversidade no Cocó. A base governista, por sua vez, busca um culpado por ter causado uma espécie de incêndio criminoso.

O fato é que o estrago está feito, animais foram mortos e fortalezenses foram prejudicados, mais uma vez, e já estão apreensivos por um novo incêndio, que cedo ou tarde acontecerá novamente.

Biólogo e vereador de Fortaleza, Gabriel Aguiar, do PSOL, se questionou sobre quem seria o culpado pela tragédia do momento. Segundo ele, “responsáveis não faltam”, mas é preciso lembrar que o Parque Estadual ficou quase um ano sem gestão, e somente no final do ano passado o cargo foi reassumido.

“Nós precisamos parar de negligenciar as nossas UCs. De 1999 a 2018 foram 182 ocorrências de incêndios florestais no Parque do Cocó. As ocorrências, em sua maioria, são previsíveis e evitáveis, enquanto os prejuízos são incalculáveis. Absurdo o descaso”, apontou.

Renato Roseno (PSOL), que faz parte da base governista na Assembleia Legislativa, também atua na área de defesa do meio ambiente. Segundo ele, é preciso averiguar as causas e impactos ambientais. No entanto, é fundamental ampliar as brigadas de incêndio em todo o Ceará.

“No orçamento de 2022 já havíamos indicado duas emendas totalizando R$ 210 mil para a Brigada de Combate à Incêndio Florestal. Nenhum real foi executado”, criticou. À época, ele fazia parte da bancada de oposição ao Governo Camilo Santana. “Vamos insistir na necessidade de investimento na prevenção como ferramenta de Proteção Ambiental”, disse.

“Infelizmente nossa fauna também sofreu com esse desastre, mas temos nos mobilizado em muita frentes com uma única certeza: o meio ambiente e a vida animal devem ser sempre prioridades nas grandes capitais. Seguiremos sendo essa voz para agregar e contribuir com todos os órgãos”, se comprometeu o deputado federal Célio Studart (PSD), que está licenciado da Secretaria de Proteção Animal.

“Muito triste ver as consequências do incêndio que atingiu parte do parque do Cocó, com animais mortos e a vegetação devastada. É preciso apurar rigorosamente as suas causas para prevenir ocorrências futuras. Nosso reconhecimento aos nossos bombeiros pelo trabalho incansável”, disse Guilherme Sampaio (PT), aliado do Governo.

O bolsonarista Carmelo Neto (PL), por sua vez, procurou colocar toda a responsabilidade no colo do governador Elmano de Freitas. “Com Elmano do PT, que se diz tão defensor do meio ambiente, em 2023 foram registradas 6.808 queimadas no Ceará, o maior número em 15 anos. Em 2021, também ocorreu um incêndio de grandes proporções no Parque do Cocó, afetando 46,2 hectares”, afirmou.

“A realidade é que parece não existir um plano de prevenção a incêndios, não apenas no Cocó, mas em todo o estado. Ano após ano, batemos recordes de queimadas. Para conhecimento de todos, até hoje, já foram registradas 206 queimadas no Ceará”, disse Carmelo afirmando, ainda, estar enviando à Secretaria do Meio Ambiente e ao Governo do Estado do Ceará, requerimento solicitando explicações sobre as medidas adotadas para reduzir os casos de queimadas.