Cid tem dito que quer cuidar de negócios. Foto: Ascom/parlamentar.

O senador Cid Gomes tem reiterado a amigos dele que não concorrerá mais a qualquer cargo eletivo. Quando terminar o seu mandato, no início de 2027, vai se dedicar exclusivamente a cuidar de negócios, ampliando os que já têm: posto de gasolina, loteamento, aluguel de galpões, plantio de Eucalipto na Região do Acaraú e prospectar negócios no campo das energias renováveis. Hoje, no Senado, ele está ligado a uma Comissão que trata de Hidrogênio Verde. De política, ele só cuidará nos bastidores para ajudar o senador e ministro da Educação, Camilo Santana.

Dizer que pretende presidir o PDT cearense, não apenas é um blefe como é uma ação diversionista, também para distrair o ambiente político cearense até o fim do seu mandato. O deputado federal André Figueiredo, enquanto o ministro da Previdência, Carlos Lupi comandar o PDT, será o presidente do partido no Ceará, com o apoio de Ciro Gomes, de quem Cid, para amigos próximos, tem confirmado o distanciamento e falado da dificuldade de um reate nas relações pessoais e políticas. O comando do PDT nos estados, como no nacional, será sempre de um brizolista da origem. Cid não o é.

Cid Gomes ainda é falado como alguém do PDT cearense pelos deputados dissidentes, apoiadores do Governo Elmano de Freitas. Pelos reais comandantes do PDT cearense, a partir de André Figueiredo (hoje acumulando o comando estadual e o nacional (com a licença de Carlos Lupi, para ser ministro do presidente Lula), o próprio Ciro Gomes, o prefeito de Fortaleza, José Sarto e do ex-prefeito Roberto Cláudio, presidente do diretório municipal do partido, em Fortaleza, Cid só tem o respeito e atenção devida, enquanto cidadão. Ciro, Sarto e Roberto Cláudio, só ainda não estimularam os deputados dissidentes deixarem o PDT, por conta de uma Resolução do Diretório Nacional, proibindo, qualquer instância do partido a permitir, amigavelmente a desfiliação de algum detentor de mandato (os senadores, prefeitos e governadores não estão sujeitos à Lei da Fidelidade partidária).

A eleição cearense em 2022 não motivou apenas o rompimento entre os irmãos Ciro e Cid Gomes. Ela selou a sorte do ex-governador enquanto principal liderança do grupo político que reunia pedetistas e petistas, mesmo com alguns arranhões aqui e acolá. O PDT esfacelou-se, e a parte que saiu derrotada da disputa pelo Governo do Estado ficou com Ciro e Roberto Cláudio e quer distância do senador. É a parte menor, sim, mas está estimulada a reagir pelos comandos nacional e estadual. A candidatura à reeleição do prefeito José Sarto tem a garantia de boa fatia dos recursos do Fundo Eleitoral administrado pela direção nacional, além do empenho junto ao Governo Federal, para evitar que este tenha participação na sucessão municipal da Capital cearense, considerada de significativa importância para a estrutura da agremiação brizolista.

Cid Gomes é considerado, como foi na disputa estadual, um adversário do partido. Nem que ele queira ajudar será bem recebido pelo comando partidário municipal. Sarto o tem como adversário e por isso fará de Ciro Gomes um dos seus dois principais cabos eleitorais, com o ex-prefeito Roberto Cláudio, como o foi no pleito de 2020, sendo o carro-chefe da campanha de reeleição, cujo principal concorrente, dizem os apoiadores do prefeito, será a ex-prefeita Luizianne Lins, agora com o apoio da máquina do Governo do Estado, pois Elmano de Freitas é aliado dela no PT, e por ela foi prestigiado quando disputou a Prefeitura de Fortaleza. Elmano começou o seu Governo, retribuindo parte dos favores políticos recebidos de Luizianne, indicando para a sua coordenação política o jornalista Waldemir Catanho, o homem que ajudou Luizianne nos seus dois mandatos como prefeita de Fortaleza. Luizianne quer distância de Ferreira Gomes no seu palanque do próximo ano.