Camilo Santana e dr cabeto

Governador Camilo Santana assina decreto, ao lado do então secretário de Saúde, Dr. Cabeto, instituindo a Fundação de Saúde do Ceará. Foto: José Wagner

E os deputados estaduais cearenses que na Legislatura passada aprovaram a criação da Fundação de Saúde com louvores, e agora votaram, sem o mínimo de prurido para extingui-la, chamaremos de quê. No dia 30 de setembro de 2020, quando foi oficialmente criada a Fundação de Saúde do Ceará, o ex-governador Camilo Santana, que é padrinho político do governador Elmano, um dos que, como deputado estadual há época, votaram a favor da criação da Fundação, juntamente com o ex-secretário de Saúde, mentor da Fundação, Dr. Cabeto, fez um longo pronunciamento enaltecendo a importância daquele instrumento, para a melhoria do atendimento de saúde aos cearenses.

Disse Camilo, para uma plateia eufórica no momento da sanção da Lei que criou a fundação, que a Funsaúde é a concretização de um planejamento que vem sendo feito desde o início do ano passado (em 2019) com o objetivo de ampliar a oferta de atendimento em consonância com uma melhor qualidade. “Desde o início de 2019 estamos construindo um Plano de Modernização da Saúde pública do Ceará que possa integrar melhor com os equipamentos da União, se aproximar mais do cidadão, acolher melhor as pessoas, dar mais eficiência. O papel da fundação é agilizar e proporcionar melhores condições para executar os trabalhos de saúde nos nossos equipamentos de saúde, de forma mais rápida e inteligente”, enfatizou.

Por seu turno, segundo a informação oficial do dia, para o Dr. Cabeto, a Funsaúde “é um ponto fundamental e estratégico para todo um plano do Governo e da Secretaria da Saúde para a estruturação da saúde do Ceará, que tem como marca a questão da transparência, valorização das pessoas e empreendedorismo na área, que inclui ciência, tecnologia, formação”. Dr. Cabeto, pouco tempo depois deixou a secretaria. Até hoje, publicamente, ele não disse quais foram os motivos reais de sua saída do Governo. Amigos deles dizem que foi exatamente pelo fato de a Fundação ter passado a ser espaço para atuação política de amigos do governador.

Um dos argumentos do governador Elmano de Freitas para extinguir a Fundação de Saúde do Estado do Ceará, é o da necessidade de ficar concentrado na secretaria de Saúde, todas as “atividades finalistas da área, permitindo um maior controle administrativo e direcionamento de ações internas em prol da eficiência e da gestão do gasto público, especialmente no que diz respeito a licitações. Para isso, ou seja, para fortalecer institucionalmente a Sesa (secretaria de Saúde), é que se propõe a incorporação aos seus quadros dos empregados da Fundação Regional de Saúde, submetendo todos os profissionais da saúde do Estado a uma gestão funcional unificada e orientada segundo critérios de desempenho uniformes”.

A mensagem com o projeto extinguindo a Fundação de Saúde, três anos sua criação, chegou pela manhã ao conhecimento dos deputados e já às 13 horas estava aprovada, mesmo ela transformando emprego de celetista em cargo público, com a obrigação de concurso público para o seu preenchimento, idem em relação aos cargos comissionados da Fundação cujos ocupantes vão passar a ser estatutários e um Decreto do governador definirá os seus salários. Alguns deputados que votaram para a criação da Fundação não escondiam o desapontamento em votar agora pela extinção.