Bolsonarista, Jorge Pinheiro é o autor da homenagem à organização. Foto: CMFor

A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou, na manhã desta terça-feira (13), um requerimento de autoria do vereador Jorge Pinheiro (PSDB), que requer a realização de sessão solene em homenagem à Associação Cearense Ordem e Liberdade, a Ascol. A aprovação da proposta se deu sob protesto de alguns vereadores, que apontaram que tal entidade participa de atos golpistas e defende a intervenção militar no Brasil.

No perfil da Ascol nas redes sociais é possível verificar que a associação, criada em 2021, tem defendido as manifestações de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro na frente de quartéis e nos arredores de Brasília. Para alguns parlamentares, é inadmissível que a Casa Legislativa apoie homenagem à uma entidade que defende, justamente, atos antidemocráticos, inclusive, contra a essência do que vem a ser o parlamento.

“Uma associação como essa ser homenagem pela Câmara é um completo absurdo”, disse a vereadora Adriana Nossa Cara (PSOL). “Nunca imaginei que a Câmara fosse autorizar a tramitação de um projeto como esse. Isso fere a democracia do País. Essa organização é golpista. A aprovação desse requerimento coloca em xeque até o objetivo da Câmara de Fortaleza”, criticou.

O vereador Júlio Brizzi (PDT) afirmou ter pesquisado sobre os trabalhos que teriam sido realizados pela associação homenageada, e segundo disse, a entidade está defendendo, publicamente, que as forças armadas façam intervenção no País. “É só abrir o Instagram que está lá, reproduzindo fake news. O que me espanta é que as pessoas que foram eleitas, que tiveram colegas eleitos na mesma urna, dizendo que pode se questionar a urna”.

Contradição

“Eu sou do parlamento, onde a base de sua legalidade é o voto popular. Como pode homenagem a uma associação que rejeita isso? Isso é uma contradição insanável e gravísisma”, reclamou Guilherme Sampaio (PT). Autor da proposta, o vereador Jorge Pinheiro disse respeitar todas as propostas de seus colegas, ainda que discorde de determinados projetos. “Propõem aqui o Dia da Maconha e eu acho um absurdo, mas jamais vou repudiar, porque é um direito”.

Em justificativa, Pinheiro diz que a organização congrega mulheres, jovens, pessoas com deficiência, monarquistas  professores “que visam o crescimento intelectual, a melhoria da saúde mental, a um ambiente familiar saudável e uma comunidade pacífica”. Ainda de acordo com ele, a Ascol “segue em ritmo de crescimento, acumulando vitórias e experiências, avançando e crescendo no Estado do Ceará e tem servido de ‘escola’ para que instituições com os mesmos ideais saibam como organizar-se e atuar em prol das pautas da família, da vida e da liberdade”.