Cadastro e prova de vida: Cearaprev fará novo processo a partir de janeiro de 2023″. Com este título, o Governo do Estado do Ceará publicou em seu site, nesta sexta-feira (21), a informação sobre o novo cadastro do pessoal que será realizado no início do Governo Elmano de Freitas, a partir de janeiro vindouro. Diz textualmente um trecho da informação oficial: “Realizado por meio do aplicativo Cearaprev On-line, o cadastro e prova de vida é obrigatório para todos os servidores públicos ativos, inativos, aposentados, pensionistas, da reforma e reserva remunerada do estado do Ceará. Ao final de 2021, quando foi encerrado o prazo da operação, a plataforma contabilizava a atualização dos dados de mais de 139 mil beneficiários”.

Visitando a página do portal da transparência do próprio Governo do Estado do Ceará, constata-se que o número de servidores ativos, inativos (aposentados) e pensionistas supera os 157 mil a relação dos que hoje recebem salários, proventos e pensões. Um aumento de mais de 18 mil empregados ou comissionados no ano eleitoral, acrescendo em quase R$ 188 milhões a folha mensal de pessoal do Estado. E, para ficar bem claro o interesse no benefício político desses empregos, não há qualquer informação sobre contratos em grande quantidade nas atividades que mais precisam de mão de obra, como Educação (professores), Segurança (policiais), Saúde (médicos, enfermeiros e outros). A folha mensal de pagamento de pessoal para o próximo ano, talvez, por conta de algum aumento salarial que venha a ser efetivado, vai ficar próxima do R$ 1,5 bilhão por mês, pois na proposta orçamentária para 2023, o Governo diz que vai gastar no ano R$ 16.950.881.167,00.

Os agentes públicos responsáveis pela gestão atual, pelos números oficiais conhecidos, precisam alterar o discurso sobre o equilíbrio fiscal do Estado e prestarem contas dos excessos de gastos com pessoal e custeio da máquina, dois grandes ralos por onde escoam os parcos recursos do Estado para beneficiar alguns detentores de mandatos. A governadora Izolda Cela, lamentavelmente vai ser responsabilizada pelo desequilíbrio nos gastos da administração estadual.

No próximo ano, quando os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado estiverem examinando as contas de Governo, da responsabilidade direta de Izolda, vão apontar todas as falhas, como certamente já começarão a citá-las quando examinarem as contas do último ano de gestão de Camilo Santana, o que acontecerá na próxima quarta-feira, pois essa triste realidade de hoje é fruto da sequência do governo anterior. Camilo, por conta da eleição e sua candidatura, conseguiu adiar a avaliação das contas do seu último ano de mandato, aprovando uma emenda à Constituição do Estado, sob a alegação de que a pandemia, no ano passado, prejudicou a preparação da prestação de contas.

Há trinta anos não se tinha, no Ceará, um abusivo uso da máquina estadual para garantir eleições de determinadas figuras. Até 1986 era comum essa prática. A cada eleição o Estado aumentava, consideravelmente o seu número de empregados (não eram, como hoje não são, trabalhadores). Era comum se pegar cartões do governador autorizando o secretário ou outro executivo do Governo, dar uma “portaria” para afilhado de político, eleitor do governador ou de seus amigos. Brincando, os políticos da época, em certas ocasiões dizem: “ainda tem cartão mandando o secretário de Saúde empregar”. Eram tantos os cartões que alguns não chegavam a ser entregues aos destinatários ou, quando entregues, não havia tempo de a ordem ser cumprida.

Voltamos, lamentavelmente, a uma outra parte podre da política local: a do empreguismo como compra de voto.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva: