Wagner e Roberto Cláudio, durante debate da TV Otimista. Foto: Reprodução/TV Otimista.

Roberto Cláudio (PDT) e Domingos Filho (PSD) ganhando as eleições para a chefia do Executivo estadual cearense, serão, a partir daí, as principais lideranças políticas do Estado do Ceará. Perdendo, o que não admitem seus correligionários, serão os líderes da oposição estadual. Eles, ao contrário do candidato Elmano de Freitas (PT), o outro postulante com chances de ir ao segundo turno, estão fazendo a campanha, praticamente, sem apoio das principais lideranças do PDT cearense, pois Ciro cuida da sua eleição para presidente da República, e o senador Cid Gomes, alegando seu desapontamento com a condução dos entendimentos para manter a aliança com o PT, está ausente e deixando dúvida quanto ao seu apoio a Roberto.

O Capitão Wagner, representante do União Brasil (UB), é a oposição na disputa pelo Governo do Estado do Ceará. Trabalhou, ao longo dos últimos dois anos, de modo diferente das campanhas anteriores, e conquistou a posição que o coloca praticamente garantido no segundo turno.  E chegará lá com vantagem, não necessariamente por ter, isoladamente, se tiver, mais votos que os seus concorrentes, mas pelo fato de eleitores de qualquer dois (Elmano ou Roberto) afastado do segundo turno, estarem dispostos a sufragá-lo, independente de ele ser eleitor ou não do presidente Bolsonaro. Aliados de Elmano, sobretudo os petistas, não votarão em Roberto Cláudio, e eleitores deste, idem, não sufragarão o nome de Elmano.

A presente campanha eleitoral está forjando os novos líderes da política cearense. Ganhando, ou perdendo, o Capitão Wagner sairá consolidado como o líder da oposição que conseguiu destronar os irmãos Ciro e Cid Gomes do comando da política cearense. Vencendo a disputa, óbvio, ele passa a ser o comandante do grupo governista. Ao contrário, ele será a autoridade maior na base adversária. De outro lado, sendo o vitorioso, Roberto Cláudio não será apontado como o aliado que derrotou o seu líder, Cid Gomes, mas o sucessor natural do comando do grupo governista que sofre abalos nesta campanha.

Eleito governador, os amigos de Roberto Cláudio não têm mais como chamar Cid de chefe. Sua ausência na campanha, seja qual for o argumento apontado para tal, prejudicou e prejudica em muito o candidato do PDT. Em razão da sua posição alguns integrantes do grupo admitem que ele está ao lado de Camilo Santana, em favor da candidatura de Elmano, inclusive tradicionais financiadores de campanha de governistas. Além disso, a máquina do Estado, não apenas pela insatisfação da governadora, por não ter sido ela a escolhida como candidata do PDT, mas, também pela sua inexperiência de gestão, está sendo orientada a ajudar Elmano, pelo grupo de Camilo que lá ficou e está.

O senador Cid Gomes, muito antes da escolha de Roberto Cláudio como candidato do PDT ao Governo do Estado, sempre quando era abordado se seria ele o candidato a governador para manter a aliança do seu partido com o PT, dizia estar despedindo-se das disputas eleitorais para cuidar de sua vida empresarial. Ele será senador da República até janeiro de 2027.  Ciro Gomes já anunciou que esta é a sua última disputa presidencial. Ele pode até querer ser senador em 2026, mas o será sem a estrutura mantida desde 2006, quando Cid foi eleito pela primeira vez governador do Estado.

O grupo dos irmãos Ferreira Gomes já não é mais o mesmo, desde a determinação de Ciro, não esperando por Cid, motivar o diretório estadual do PDT a escolher o candidato a governador do partido. Cid também não faz campanha para Ciro no Ceará. Em um único momento ele “adesivou” carros em Sobral. Ciro, pela primeira vez em eleições presidenciais, perderá no Ceará.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva: