Presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira de Castro em entrevista ao programa Conexão Assembleia.

A presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Samira de Castro, destacou, em entrevista ao programa Conexão Assembleia, nesta segunda-feira (29/08), a entrega de uma carta aos candidatos das eleições deste ano, para que se comprometam em garantir a segurança dos jornalistas em atividade nas coberturas do pleito de 2022.

De acordo com a presidente da entidade, a violência contra jornalistas é analisada por entidades de jornalismo, desde 1990. Recentemente, conforme observou, houve um aumento expressivo de ataques, nas manifestações de 2013. Já o ano de 2018 acumula uma série de recordes nos números de violência. Em 2021, foram registrados 430 ataques a jornalistas, segundo ela.

“É necessário que as entidades se unam para cobrar a punição de quem comente violência contra jornalista. É preciso ainda que as pessoas saibam que quem quer calar um jornalista fere o próprio direito de ser informado”, destacou Samira de Castro, a primeira jornalista cearense a presidir a Fenaj.

A presidente da federação sugeriu que, caso jornalistas sofram algum tipo de ameaça ou ataque, realizem Boletim de Ocorrência, o que permite o registro da violência, a sistematização de dados e a adoção de medidas de prevenção.

“É inadmissível que, neste ano, em que completamos 20 anos da morte do jornalista Tim Lopes, que foi assassinado, durante a realização de reportagem investigativa, a gente tenha que continuar alertando sobre os índices de violência. Nenhuma informação vale uma vida”, orientou a jornalista.

Samira de Castro, que também já presidiu o Sindicato dos Jornalistas Cearenses (Sindjorce), detalhou ainda que os dois grandes desafios enfrentados, durante sua gestão à frente da Fenaj, são a aprovação da proposta de emenda à Constituição que reestabelece a obrigatoriedade do diploma em jornalismo para exercer a profissão, chamada “PEC do Diploma dos Jornalistas”, aprovada no Senado e em tramitação na Câmara Federal. O outro desafio é a atualização da regulamentação profissional dos jornalistas, que data de 1979, e não conta, segundo a presidente, com regras a respeito do uso da internet, por exemplo.

A jornalista também se mostrou preocupada com os impactos de notícias falsas na vida da população. “Fake news é a mentira. Se é falso nem pode ser notícia. Em aplicativos de mensagens, é muito difícil para o cidadão identificar o que é informação verdadeira e o que é falso. Os jornalistas têm um papel essencial na produção de notícias que seguem critérios técnicos e também éticos”, afirmou Samira.

Samira de Castro, que integra ainda o Comitê Diretor do Conselho de Gênero da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), avaliou a necessidade de ampliar a participação feminina nas mais diversas áreas profissionais, inclusive em altos cargos do jornalismo e garantir o respeito às mulheres jornalistas em suas atividades.

“Nós sofremos, além das questões salariais, a opressão de gênero. Uma jornalista quando é agredida, ela não é agredida só pelo seu trabalho, porque descontenta A ou B, mas ela é chamada de burra, de incapaz, tem sua aparência física questionada, na sua sexualidade e em uma série de outros aspectos. Temos que discutir os direitos de nós, mulheres”, cobrou Samira de Castro.

Fonte: AL-CE