Ciro Gomes conversa com Izolda Cela na solenidade de posse na Assembleia Legislativa do Ceará. Foto: Reprodução/TVAssembleia.

Em dois momentos distintos, um na solenidade de posse na Assembleia Legislativa do Estado, sábado (2), a governadora Izolda Cela deixou claro ter como objetivo fazer história, e não somente pelo fato de ser a primeira mulher efetiva a chefiar o Poder Executivo cearense. Ela, sem afetação, no sentir de suas palavras, quer deixar em 31 de dezembro deste ano, a marca de uma governante que foi além de fazer o trivial, o deixado para ela continuar. E no primeiro dia útil de trabalho, num segundo momento, antes de reunir o secretariado, em entrevista coletiva, após ressaltar a importância da política e das eleições, acrescentou estar com sua atenção focada no serviço a ser prestado pelo Estado. “Ter essa atenção para não nos dispersarmos daquilo que é o interesse da população, que as coisas aconteçam”.

Izolda, de fato, em nenhum momento disse ser pré-candidata, embora o seu nome figurasse, e ainda há de figurar, numa hipotética lista de quatro nomes do PDT de pretensos candidatos a governador do Ceará, juntamente com Evandro Leitão, Mauro Filho e Roberto Cláudio. É uma relação diversionista, posto ser parte da estratégia do comando do seu grupo político no PDT, de escolher nomes de candidatos majoritários próximo do último prazo definido pelo Calendário Eleitoral, objetivando, de fato, preservar o verdadeiro postulante. Ela será, sem dúvida, pela marca a impor na sequência da administração, uma das forças significativas de apoio ao nome apontado para sucedê-la no Governo. Nas últimas duas décadas ela tem confirmado o seu alinhamento ao grupo político liderado pelos irmãos Ciro, Cid e o prefeito de Sobral, Ivo Gomes, talvez até, ou, também pelo fato de ter recebido deles todo o apoio para executar, a partir da Prefeitura de Sobral, e depois no Estado, o seu projeto de Educação, que faz o Ceará ser exemplo para o Brasil, e reconhecido por organismos internacionais.

A administração, no geral, mudará significativamente, como em outras oportunidades já observamos. Não necessariamente com troca de pessoas, pois estas representam, em grande parte, a coalizão política arquitetada pelo próprio senador Cid Gomes, o operador ativo do grupo governista. Inclusive o pessoal indicado pelo ex-senador Eunício Oliveira, inimigo de Ciro Gomes, pode ficar onde está, óbvio, desde que preste o serviço reclamado pela governadora, e, claro, politicamente esteja com o candidato a governador que ela apoie. Hoje, repetimos, o Governo do Estado do Ceará é do PDT, e sua prioridade primeira é eleger o sucessor, assim como trabalhar para o seu presidenciável Ciro Gomes ter a maior quantidade de votos possíveis no Estado, visto a pressão dos aliados de Lula e de Bolsonaro. Camilo, filiado ao PT, em nome de uma tal conciliação, dividia a força política do Estado.

O candidato do PT a presidente da República só terá a acolhida da governadora se for no segundo turno da disputa, e nele não estiver o Ciro. Afinal, Bolsonaro é e será o inimigo comum de petistas e pedetistas cearenses. E Camilo, em campanha para a única vaga do Estado do Senado (todos os outros estados e o Distrito Federal também só terão uma vaga cada), vai continuar utilizando dois palanques, pois, evidente, só poderá pedir votos para Lula no palanque que não seja o do governador que ele apoiará, o do PDT, onde estará permanentemente a governador Izolda. E é neste palanque de onde o ex-governador poderá falar para a maioria dos seus futuros eleitores, para contrariedade de alguns dos petistas defensores de um rompimento dele com os líderes do PDT cearense.

Troca de partido

Ainda ao anoitecer da última sexta-feira (1º), momentos antes do fechamento da Janela Partidária, o espaço legal para troca de partido de deputados, candidatos a um novo mandato nas eleições deste ano, tinha parlamentar negociando a mudança de agremiação. É possível até que alguns tenham extrapolado o prazo, mas como não há uma comprovação do verdadeiro momento da filiação, pois o controle absoluto é de cada partido, o crime ficará impune. Todas as Casas legislativas brasileiras só nas próximas horas terão o quadro real das mudanças, posto que elas dependem das informações dos próprios parlamentares para registrarem a nova ordem das composições das bancadas partidárias, inclusive para efeito das indicações dos integrantes das comissões técnicas das Assembleias e da Câmara Federal.

Veja comentário do jornalista Edison Silva sobre o tema: