Arte: Divulgação/PSDB.

Antes, os políticos eram respeitados pela palavra dada. Eles também respeitavam os resultados das disputas. Se eram colocados pelo eleitorado na op0sição, lá permaneciam. Hoje, esse tipo de homem público parece ter desaparecido, e a política, lamentavelmente, deixou de ter a devida consideração da sociedade, pois é incompreensível a adesão do derrotado, imediatamente ao pleito, com o objetivo único de tirar proveito da situação. E a incompreensão não é apenas pela adesão, é também pela aceitação dela. Os dois lados, ou os dois personagens, passam a ser parte do mesmo balaio.

O PSDB, no fim do ano passado, organizou uma disputa interna para escolher o candidato do partido à Presidência da República. É uma prática diferente, e diga-se, por ser importante enfatizar, exemplo de democracia interna. Porém, nem todos os tucanos estão preparados para atuar num campo um pouco mais elevado, diferente do comumente feito hoje. As outras prévias do partido, também vencidas por João Dória, só não tiveram o mesmo fim por tratarem-se de disputa municipal e estadual. A prévia do ano passado, por falta de compromisso com a política de respeito ao primado da Democracia, está contribuindo para esfacelar mais ainda a agremiação, nascida com o objetivo de fazer diferente e melhor do que estava sendo feito.

Os tucanos insatisfeitos com o hoje governador de São Paulo, João Doria, vencedor das prévias, se incomodados com a sua prática de atuação política, e conscientes de não poder derrotá-lo no voto, poderiam ter registrado suas indignações, inconformismo e abandonados a disputa ou até mesmo ao partido. Participarem da prévia, e depois de derrotados quererem desrespeitar o resultado adverso, não é um bom exemplo para os novos quadros de todas as agremiações. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, um nome novo na política, tem a liberdade de trocar de partido e de até ser candidato a presidente da República. Mas a história poderá registrar o seu passado político como mais um interesseiro e descumpridor da sua própria palavra.

Eduardo Leite foi derrotado por Doria e não aceitou o resultado. Agora, procurado por Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, admite deixar o PSDB, em março, segundo correligionários, para ser candidato a presidente da República, no caso, como já parece decidido, de o senador Rodrigo Pacheco não disputar a sucessão presidencial. Pode, Eduardo Leite, até vir a ser o diferencial na campanha. Os vários nomes lançados para representar um terceiro capaz de furar o bloqueio formado pela polarização entre o ex-presidente Lula e o atual presidente Bolsonaro, ainda não alcançaram o objetivo. E se ele conseguisse, sem dúvida, seria muito bom para o Brasil. Mas não é esta a questão levantada. Estamos discutindo a personalidade do político.

Ainda falta muito para alcançarmos um nível de educação política capaz de termos partidos realmente respeitados. Só o “jeitinho” brasileiro nos mantém neste ambiente democrático, pois os partidos, embora saiam deles os parlamentares, não trabalham para o fortalecimento da Democracia. Eles, com honrosas exceções, são ajuntamentos de pessoas, com interesses outros, quase sempre diversos do ambiente republicano. O PSDB não fez o prometido quando nasceu, talvez até pelo fato de guardar e depois praticar, sem a maestria devida, o que fazia e faz o seu criador, o MDB.

O PSDB, afirmamos em outras oportunidades neste espaço, vai sair menor da campanha deste ano, com ou sem candidato próprio ao Poder Central. As duas últimas campanhas presidenciais foram desastrosas para a agremiação, a do hoje deputado federal Aécio Neves, concorrendo com a ex-presidente Dilma Rousseff, em 2014, se foi boa eleitoralmente, pois conseguiu uma expressiva votação, as denúncias de malfeitos do candidato na campanha envergonharam a alguns tucanos. Já a de 2018, com Geraldo Alckmin, foi decepcionante em termos de votos. De lá até os dias de hoje o partido só continuou minguando e, não são nada animadores os resultados de outubro deste ano, principalmente quanto a seus quadros para as eleições futuras.

Veja o comentário do jornalista Edison Silva sobre o tema: