Luiz Henrique Mandetta foi o primeiro ministro da Saúde do Governo Bolsonaro a enfrentar a pandemia de Covid-19. Foto: ALECE.

O Conexão Assembleia, programa da rádio FM Assembleia (96,7MHz), conversou, nesta segunda-feira (04), com o primeiro ministro da Saúde do Governo Bolsonaro a enfrentar a pandemia de Covid-19, Luiz Henrique Mandetta, que falou dos desdobramentos da doença no Brasil e os seus impactos nas demais áreas da sociedade.

Pré-candidato à Presidência da República, o ex-ministro avaliou também na entrevista à jornalista Kézya Diniz a fusão entre os partidos como alternativa para as eleições de 2022.

“Essa fusão DEM e PSL é um marco politico muito grande e que vai ajudar muito”, defendeu.

Ainda alegou estar trabalhando para que o número de partidos diminua e que as pessoas venham para a mesma agremiação e se tenha um debate interno.

Sobre a pandemia, o ex-ministro, que esteve no comando da pasta de janeiro de 2019 a abril de 2020, comentou sobre as primeiras medidas tomadas em relação ao vírus no Brasil.

“A gente só tinha uma informação: existe um vírus novo. Nos primeiros 45 dias, a gente ficou prestando atenção. Quando a Itália caiu na doença foi quando o ocidente acordou e a gente percebeu que nenhum sistema de saúde no mundo estava pronto. Eu queria tomar as decisões baseadas na ciência. O primeiro movimento era o movimento de cautela, observar os casos, adquirir testes que não estavam disponíveis no mercado e adquirir leitos”, destacou.

O ex-ministro lamentou a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na administração da pandemia e as suas divergências.

“Eles passaram a acreditar na imunidade de rebanho, o que foi muito ruim porque eles queriam pegar atalhos. As 600 mil mortes me afastam do Bolsonaro. Passaram a não negociar com vacinas que saíram na frente, como a Pfizer, como a vacina da Moderna, como a Janssen”, pontuou. De acordo com médico, deixaram os testes comprados estragarem, e. “como espectador, assistir a tudo isso foi extremamente duro vendo a tragédia anunciada”.

Mandetta explicou ainda que a saída para a pandemia estava na aquisição e aplicação de vacinas.

“A vacina erradicou inúmeras doenças. O século XX é o século da vacina. A gente trata as bactérias com remédios, os vermes com vermífugos. O fato de não ter adquirido vacina é um problema. A gente teria começado a vacinar em dezembro. Nós chegamos a um mês que tivemos 4,5 mil óbitos por dia, era como se caíssem 15 aviões por dia no Brasil”, pontuou.

Celebrar o efeito adverso de uma vacina é um problema extremamente grave, quando se trata de um líder que precisa conduzir a nação, segundo Mandetta.

“O presidente jogou contra a vacina. Ele comemorou no dia que a vacina do Butantã teve um efeito adverso. A gente precisa de um líder quando se tem um problema grave, alguém que precisa conduzir. Eles fizeram uma conta do auxílio que a doença duraria de três a quatro meses e todo mundo pegaria a doença. O presidente aglomerar, passar a andar sem máscara, e dessa forma, eles não precisariam tomar vacina.”

Mandetta falou ainda sobre os demais problemas que a pandemia trouxe para a realidade brasileira, como evasão escolar.

“O número de mulheres que deixou de fazer mamografia nesses dois anos gera um número adiantado de casos de câncer de mama, de pessoas que vão fazer quimioterapia nas unidades de saúde. Na educação, 50% dos jovens do ensino médio não voltam para a sala de aula”, analisou.

Questionado sobre o surgimento de variantes ao redor do mundo, Mandetta alertou para a preocupação e a necessidade de um controle coletivo.

“Essas variantes são como uma loteria perversa, toda vez que ele entra dentro de um organismo ele sai diferente, são variantes que começam a afetar mais. Se vier uma variante que engane o sistema imunológico dos vacinados, a gente pode voltar para a estaca zero”.

Mandetta falou ainda da importância da vacinação em massa e periódica para o controle da pandemia. “Essa vacina não é uma estratégia individual, ela é uma estratégia para você fazer um bloqueio para que o vírus tenha menos chance de circular. O Brasil deveria agora estar encomendando doses do ano que vem para fazer uma vacinação típica àquela da gripe. Essa vacinação a conta-gotas que está acontecendo desde fevereiro é como se estivéssemos com um cobertor curto”, concluiu.

Com informações da Assembleia Legislativa do Ceará.