Apesar de serem correligionários, Sérgio Aguiar e Romeu Aldigueri (PDT) apoiaram candidaturas diferentes na eleição suplementar. O candidato de Sérgio Aguiar foi vitorioso em Martinópole. Foto: ALECE.

O resultado da eleição suplementar no município cearense de Martinópole acirrou, ainda mais, os ânimos entre os deputados Romeu Aldigueri e Sérgio Aguiar, que apesar de estarem filiados ao PDT, são adversários políticos na região norte do Estado.

Durante pronunciamento no retorno dos trabalhos da Assembleia Legislativa, na manhã desta quinta-feira (05), os dois protagonizaram um bate-boca com troca de acusações. Foi preciso que outros parlamentares, inclusive, o presidente da Casa, Evandro Leitão (PDT), interviessem para que a dupla se controlasse.

O pronunciamento de Aldigueri versava, justamente, sobre o respeito que os homens públicos deveriam ter, tendo em visto o momento de acirramento político pelo qual o País vive. No entanto, em dado momento, o parlamentar chegou a fazer insinuações sobre quem teria praticado, no fim de semana passado, vandalismo contra o busto em homenagem ao radialista Gleydson Carvalho, morto em 2015 enquanto apresentava um programa em uma rádio em Camocim.

Em aparte, Sérgio Aguiar afirmou que as insinuações feitas por Romeu se dariam por conta de o parlamentar estar inconformado com o resultado da eleição suplementar em Martinópole. De acordo com Aguiar, as denúncias teriam sido feitas por Wagner Monteiro, a quem ele denominou de “caboclo” de Aldigueri. “Vossa excelência, ainda de certa forma inconformado com o resultado das eleições, traz esse assunto, fazendo denúncias caluniosas, sem vossa excelência ter um pingo de razão. O seu caboclo Wagner Monteiro, realmente, colocou nos grupos de Whatsapp, acusações que utilizavam o meu nome”, disse.

Ainda de acordo com Aguiar, as pessoas que vandalizaram o busto do radialista morto trajavam vermelho, cores do candidato derrotado nas eleições suplementares de domingo passado (01/08. Em resposta, Romeu Aldigueri afirmou que durante a comemoração, todos estavam de vermelho, inclusive, a filha de Sérgio Aguiar, que nas palavras de Aldigueri, estava “bebendo, alcoolizada em frente ao carro de som”.

Neste momento, Sérgio Aguiar se exaltou e pediu respeito ao colega de partido, destacando que era preciso decência para atuar na Casa Legislativa. “Você me respeite! O senhor chega aqui para pedir respeito… Não venha pensar que aqui você canta não. Você demonstrou que poderia fazer arruaça lá. Tenha modos. Precisamos tratar dignamente um com o outro. Tem que ter decência de puder, ser homem para vestir essa calça para vir trabalhar nesta Casa”.

“Respeite a mim, vossa excelência. Respeite as pessoas. Não toquei no seu nome. Vossa excelência deveria estar solidário ao Gleydson Carvalho, que vossa excelência conheceu. Eu falei porque vossa filha estava lá de vermelho. Não adianta vir com seu ar de cangaceiro, que não tenho medo de vossa excelência”, retrucou Romeu Aldigueri.

Durante direito de resposta às falas do colega, Sérgio Aguiar pediu respeito aos seus familiares, lembrando que sua família tem histórico político no parlamento cearense. Segundo ele, até o momento, ele e Aldigueri são adversários políticos, mas não inimigos. “Respeito vossa excelência como adversário. Faça da mesma forma. Conduza sua vida que eu conduzo a minha”.

Veja trecho dos discursos de Romeu e Sérgio Aguiar:

O presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, ao ser acionado por outros parlamentares, pediu a seus pares que buscassem respeitar a população e que retirassem dos anais palavras que, de certo modo, ofenderam a ambos.

Deputado Guilherme Landim, líder do PDT, lembrou que é preciso se pautar pela serenidade e respeitar o povo.

Veja a intervenção do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Evandro Leitão:

Perdão

Depois de toda a tensão, Romeu Aldigueri afirmou que não era sua intenção proferir qualquer palavra que viesse a causar dor a seu colega. “Estávamos tratando de um assunto de vandalismo. E precisamos serenar os ânimos para o País crescer“. Aguiar, por sua vez, solicitou a retirada do termo “caboclo Wagner Monteiro” de suas falas. “Meu espírito está desarmado. Estou aqui para alavancar e tornar grande esse Parlamento”.

O deputado Apóstolo Luiz Henrique (PP), um dos que recorreram ao presidente para ir ao plenário e conter os ânimos dos dois parlamentares, afirmou que Romeu Aldigueri errou ao citar a filha do deputado Sérgio Aguiar, aconselhando-o, com base na Bíblia a que Aldigueri pedisse perdão a Sérgio Aguiar por ter afirmado que a filha dele estava embriagada.

“O Aldigueri errou nitidamente quando ofendeu a filha do deputado, dizendo que ela estava embriagada. É uma menina, uma moça, uma mulher. Seria nobre de sua parte pedir perdão ao pai de família”. Henrique, pelo menos enquanto durou a sessão, não obteve sucesso em seu intento.