Senador Tasso questionou o que motivava Bolsonaro fazer aglomeração. Foto: Reprodução/Youtube.

O primeiro ex-ministro da Saúde a ser ouvido pelos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)  da Covid foi Henrique Eduardo Mandetta, que atuou à frente da pasta até o ano passado, quando foi demitido pelo presidente da República, Jair Bolsonaro.

Durante depoimento, os senadores cearenses Eduardo Girão (Podemos) e Tasso Jereissati (PSDB) fizeram questionamentos com foco nas ações de Mandetta e de Bolsonaro durante período crítico da pandemia do novo coronavírus no Brasil.

Girão buscou questionar ações do próprio ministro, inclusive, procurando incoerências no que foi dito pelo ex-ministro quando do início da pandemia no País e o que foi feito por ele após deixar o Governo. O senador cearense também apontou para a aquisição de respiradores pelo Consórcio Nordeste formado por governadores, que segundo ele, tiveram custos bem maiores do que aqueles do próprio Ministério da Saúde.

De acordo com Girão, o Consórcio Nordeste comprou respiradores no valor de R$ 150 mil, enquanto que a Prefeitura de Fortaleza teria adquirido o equipamento por R$ 234 mil. O Ministério da Saúde, por outro lado, fez a aquisição do material por R$ 13 mil. Girão também questionou alguns atos do próprio ministro, como o fato de ter abraçado uma de suas funcionárias.

Em resposta, Mandetta afirmou que trabalhou com conceito forte de segurança e que o abraço dado em sua funcionária se deu em momento de emoção. O ex-ministro também lembrou que no início da pandemia, muitos dos protocolos não foram adotados até porque ainda estavam sendo formulados, uma vez que a situação era desconhecida. Ele destacou também que a Polícia Federal foi acionada para acompanhar a distribuição de recursos e equipamentos enviados para Estados e Municípios.

Registros

Tasso Jereissati, por sua vez, quis saber de Mandetta o que teria motivado Jair Bolsonaro a desrespeitar as recomendações de distanciamento social defendidas pelo Ministério da Saúde. Segundo o senador tucano, há registros de ao menos 60 atos de aglomerações praticados pelo presidente da República, sem máscara, e sem uso do álcool em gel.

Segundo o depoente, existia outra versão que era difundida por médicos e outros auxiliares do presidente, em paralelo ao que defendia o Ministério da Saúde. “São pessoas que acreditam naquele caminho. Mas as evidências científicas têm que ser a base para a tomada de decisão. Alertei o presidente. Tudo o que eu podia fazer no sentido de orientar, foi feito. Mas obviamente ele tinha outros que indicavam outros caminhos”, disse.