Candidatura presidencial de Ciro Gomes impõe um nome do PDT para disputar a Prefeitura de Fortaleza. Foto: Reprodução/Vídeo.

Alexandre Pereira, presidente do Cidadania no Ceará, teve o seu nome oficializado como pré-candidato a prefeito de Fortaleza, em evento virtual com as participações do presidente nacional da agremiação, ex-deputado Roberto Freire, e do prefeito Roberto Cláudio, nesta quarta-feira (29). O Cidadania, sucessor do PPS, faz parte da aliança governista cearense há alguns anos. Alexandre já foi secretário tanto estadual quanto de Fortaleza. Ele deixou os quadros de auxiliares da Prefeitura, em abril passado, exatamente para efeito de desincompatibilização, após entendimento com o próprio prefeito Roberto Cláudio e o senador Cid Gomes, de quem teria ouvido a afirmação de que o candidato à sucessão, em Fortaleza, não necessariamente teria de ser um filiado ao PDT, citando como exemplo a escolha do governador Camilo Santana em 2014, quando ao menos quatro pedetistas disputavam a indicação para suceder o próprio Cid no governo do Estado.

Realmente, o discurso e gestos do senador Cid Gomes, desde o início da especulação sobre a escolha do candidato governista para disputar a sucessão na Capital cearense, indicam ser possível esse ungido ser qualquer dos aliados que preencham as condições necessárias, no sentir das lideranças do grupo, para bem governar Fortaleza, e, principalmente, ter desenvoltura política para agregar os aliados e empatia com o eleitorado, sem o que não terá chances de vencer a disputa. Acontece, porém, que o cenário político nacional é bem diverso daquele de 2014, tanto para o PDT nacional e local, quanto, e principalmente, para o presidenciável do partido, o ex-ministro Ciro Gomes. Naquele ano, os pedetistas cearenses eram parte do Governo Federal, neste, são alguns dos principais adversários do chefe do Executivo nacional, não podendo, portanto, como aqui já tratamos, abrir mão da indicação de um seu correligionário, da própria sigla, para ser o candidato.

Ciro só será reconhecido como o principal líder político do Estado, após as eleições deste ano, embora já tenha dado demonstrações de que realmente o é, como comprovam os resultados das últimas eleições, inclusive a presidencial de 2018, se realmente o PDT sair majoritariamente vitorioso deste pleito municipal em curso, incluindo Fortaleza no rol das prefeituras conquistadas. E é exatamente por isso, também, que se falar em qualquer candidato em Fortaleza, fora do PDT, não passa de especulação. Sozinho, evidente, o partido de Ciro não conseguiria eleger o sucessor de Roberto Cláudio. Mas, mesmo sendo muito ajudado, se vitorioso o candidato, serão para ele [Ciro] os loiros. No caso de ele ser, apenas para argumentar, o principal apoiador de um candidato vitorioso na Capital, ou em qualquer grande município do Estado, não passará de um coadjuvante.

As eleições, ainda bem, sempre são muito diferentes umas das outras, inclusive na burocracia da sua preparação pela Justiça Eleitoral. Infelizmente, a deste ano, para todos os envolvidos, uma das diferenças foi causada pelo coronavírus. No campo político, no entanto, várias outras situações ocorrem. Para o grupo majoritário na política cearense, entretanto, o fato novo é o olhar para o pleito nacional de 2022, sem esquecer a própria sucessão de Camilo Santana, tendo um presidente da República adversário. Nas últimas eleições, era pleno o entendimento com o Governo Federal, daí, sem dúvida, a indicação de Camilo Santana, um petista como o presidente de então, para ser o candidato a governador. Agora, não há espaço para uma demonstração de desapego e escolher, em Fortaleza, um candidato a prefeito fora do PDT. A candidatura de Ciro à Presidência da República, afasta o PDT do presidente, e do PT.

O Governo Michel Temer, após o impeachment da presidente Dilma Rousseff, embora muito criticado por Ciro, não influiu eleitoralmente no Ceará, até pelo fato, também, de o seu partido, o MDB, estar na coligação que reelegeu Camilo Santana. Eunício Oliveira, presidente estadual do partido, foi candidato ao Senado ao lado de Cid Gomes. Por conta de 2022, neste cenário de distanciamento do Poder Central, acontecem alguns entendimentos para as eleições deste ano juntando prováveis adversários, tanto de Bolsonaro como do PT de Lula. Por isso é que, apesar dos esforços do governador Camilo Santana, a deputada federal Luizianne Lins, com o respaldo da direção nacional do seu partido, será candidata a prefeita da Capital cearense, sem prejuízo para alianças entre o próprio PT e o PDT, em alguns outros municípios no Estado.

O jornalista Edison Silva comenta os bastidores da escolha do candidato governista à Prefeitura de Fortaleza: