Convenção de lançamento da candidatura do general Guilherme Theophilo (PSDB) ao governo do Estado em julho de 2018. Foto PSDB/Arquivo.

Eleitoralmente, nenhuma importância tem a volta do general Guilherme Theophilo à política cearense, ou mais precisamente a de Fortaleza, onde, agora filiado ao Podemos, terá espaço para atuar ao lado da postulação do deputado federal Capitão Wagner (PROS) à Prefeitura da Capital. O general, em 2018, teve uma passagem meteórica pelo PSDB (de abril a novembro), por cuja legenda disputou o Governo do Estado e teve uma derrota acachapante naquele ano. Ele conseguiu 488.438 votos contra 3.457.556 obtidos por Camilo Santana, eleito no primeiro turno da disputa.

O general teve sua primeira aparição pública como filiado ao PSDB no Ceará, para ser candidato a governador do Estado, numa entrevista para a TV Diário, gravada no feriado de 21 de abril de 2018, onde contou como conheceu o senador Tasso Jereissati, levado pelo então deputado federal Raimundo Gomes de Matos, poucos dias antes de ser transferido para a reserva do Exército. Conhecia, à época quase ninguém da política cearense, além de seu parente, Marcos Cals, ex-presidente da Assembleia Legislativa. Entrou animado na campanha, mas saiu decepcionado, talvez pela sua inexperiência, posto que o resultado da eleição não foi surpresa para os observadores atentos.

Surpreende o seu retorno à política, também pelo fato de ele ter dito ao senador Tasso Jereissati, quando comunicou a sua desfiliação, estar decidido a não mais participar da vida político-partidária, indo dedicar-se, a partir daquele momento, a atividades privadas na Região Norte, onde morou por alguns anos exercendo suas funções de militar graduado. Não foi para o Norte. Estabeleceu-se em Brasília, onde, já em dezembro de 2018, antes mesmo da posse do presidente Jair Bolsonaro, o seu nome já constava da relação de auxiliares do então futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Nos palanques dele no Ceará, o candidato a presidente era Geraldo Alckmin.

Bem, o certo é que o general está de volta. Mas estará na campanha eleitoral deste ano distante do senador Tasso Jereissati, o seu patrono como candidato a governador do Ceará, no passado bem recente, em 2018. Mas não estará só no distanciamento do senador. O general vai estar trabalhando para o Capitão Wagner, candidato a prefeito de Fortaleza, juntamente com o deputado federal Roberto Pessoa, os suplentes de deputado federal Danilo Forte e Raimundo Gomes de Matos, da médica Mayra Pinheiro, candidata derrotada na disputa por uma vaga no Senado, hoje trabalhando no Ministério da Saúde, e do senador Eduardo Girão, dentre outros que, com ele, na coligação liderada pelo PSDB, disputaram o último pleito.

O senador Tasso, admitem alguns tucanos, não emprestará apoio a nenhum candidato que possa ter ligação com o presidente Bolsonaro. Ele também manterá distância de postulante ligado ao PT ou com ele coligado. Além do mais, resquícios da eleição passada, onde uma parte da coligação liderada pelo PSDB cearense fez campanha para Bolsonaro, afastaram mais ainda o senador do deputado Capitão Wagner, um apoiador do presidente eleito. Alckmin teve apenas 53.157 sufrágios no Ceará, pouco mais de 10% da votação do general Theophilo, cuja relação com o Capitão Wagner, por interesses em fazer oposição ao Governo Camilo Santana, foi ampliada no curso do Governo Bolsonaro.

Sem vinculação do PDT com o PT, na disputa municipal em Fortaleza, o PSDB do Tasso, com a inviabilidade do seu pré-candidato à Prefeitura da Capital, Carlos Matos, pode aliar-se à campanha sucessória do prefeito Roberto Cláudio (PDT).