Deputado Salmito durante pronunciamento. Foto: Assembleia Legislativa.

O governo Jair Bolsonaro (PSL) voltou a ser tema de discussão no Plenário da Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira (23). O deputado Salmito (PDT) usou a tribuna para questionar a omissão do presidente em realizar uma auditoria sobre a Dívida Pública Federal Mobiliária Interna do País, que, segundo o pedetista, representou, em 2018, uma despesa de aproximadamente R$ 1,6 trilhão, cerca de R$ 54% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

“Fiz uma fala nesta tribuna sobre a iniciativa do Governo Federal em retirar 381 mil famílias irregulares que recebiam benefícios, a qual reconheci como importante para a economia do dinheiro público. Meu questionamento é porque o governo não faz o mesmo em relação à dívida mobiliária interna”, questionou, indicando que a gestão Bolsonaro estaria sendo rigorosa com gastos em programas de assistência social, enquanto instituições financeiras seguem arrecadando sem fiscalização firme.

O pedetista defendeu o corte de cerca de 300 mil beneficiários irregulares do programa Bolsa Família, mas cobrou o mesmo “pente-fino” em relação à dívida pública. “Não estou dizendo que não devemos honrar nossas dívidas, e sim que o mesmo critério seja utilizado em todas as áreas. Essa dívida pública interna vem crescendo desde o governo Fernando Henrique e é hoje o maior desafio do ponto de vista econômico para nosso País”, afirmou o parlamentar, ressaltando que, caso se conclua que os valores estão corretos, os pagamentos sigam.

Deputado Delegado Cavalcante. Foto: Assembleia Legislativa.

O deputado Delegado Cavalcante (PSL), em aparte ao pronunciamento de Salmito, disse que o corte em programas de caráter assistencial faz parte da política de moralização do governo Jair Bolsonaro, gerando economia em diversos âmbitos da União.

“Somos um governo liberal conservador e trabalhamos em cima da verdade. Com essa moralização implantada, estamos economizando bilhões cortando gorduras em diversos setores. O que não concordo é o senhor colocar como se o Governo estivesse aplicando o ‘pente fino’ em cima dos pobres. Não estamos colocando a mão na cabeça de ninguém. Estamos cortando onde precisa ser cortado”, defendeu.

Também em aparte, o deputado Renato Roseno (PSOL) afirmou que a Dívida Pública Federal Mobiliária Interna começou sua curva de crescimento durante o governo Fernando Henrique Cardoso, sendo mantida pelos governos petistas de Lula e Dilma Rousseff.  “Essa dívida saltou desde 1994. São 30 anos de dependência das instituições financeiras. Ou seja, nós continuamos financiando uma enorme dívida”, afirmou o deputado. Roseno ainda criticou a política econômica do ministro da Economia, Paulo Guedes, que estaria mantendo o país refém de altos juros.

Já o deputado André Fernandes (PSL) concordou que auditorias devem acontecer em todas as esferas do poder público, inclusive na estadual. “Temos que falar também sobre a dívida pública interna do Ceará e da quantidade de cargos mantidos pelo Governo para empregar deputados que não conseguiram se eleger”, sugeriu.